Título: Argumentos de ministro não convencem
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 26/02/2008, O País, p. 5

Lula convida todos os governadores a levar proposta ao Congresso.

BRASÍLIA. Diante das críticas dos sindicalistas à reforma tributária, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou que a perda de arrecadação na Previdência - com a redução da contribuição patronal - seria compensada pelo Tesouro e, principalmente, pelo crescimento da economia e pelo aumento das contratações formais de trabalhadores. Mas o argumento não convenceu as centrais sindicais.

Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, a redução de 6 pontos percentuais na contribuição, prevista na reforma, a partir de 2010, teria um impacto de R$30 bilhões:

- Quem garante que os empresários vão contratar mais? Temos que ter garantias. Ninguém está aqui para atrapalhar.

- Queremos a desoneração. Mas que não seja só para aliviar o lado do patronato. Tira um custo e daí? Vai ter mais formalização (do emprego)? - acrescentou o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antônio Neto.

Já o presidente da CUT, Arthur Henriques, disse que a desoneração será proposta num segundo momento:

- O ministro disse que a desoneração não estará nessa proposta e sim numa proposta infraconstitucional. E ela só será enviada depois de a reforma tributária ser aprovada.

Mais cedo, Lula disse que espera o apoio de todos os governadores à reforma tributária. Ao ressaltar que nunca discriminou um governador do PSDB, citando os nomes de José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), disse esperar que os governadores participem da entrega da proposta aos parlamentares:

- Vamos ouvir os dirigentes sindicais, os empresários. E, depois, vamos, junto com os governadores. Se não quiserem vir para não se comprometerem, vamos sozinhos dar entrada nesse projeto.

Aécio diz que assunto não é uma questão partidária

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), elogiou a proposta de reforma tributária e fez um alerta para que ela não seja tratada como questão partidária. Ele aproveitou para alfinetar o PT dizendo que, quando estava na oposição, o partido via como "vícios de origem" as propostas do governo Fernando Henrique Cardoso, o que acabou atrasando a modernização tributária no país:

- Não podemos repetir o erro que foi cometido no passado pelo próprio PT, que considerava como vício de origem qualquer coisa que saísse do governo Fernando Henrique. Talvez, se nós tivéssemos tido lá atrás a compreensão mais madura que a oposição de hoje deverá ter, já estivéssemos vivendo num novo regime tributário.

Líderes e dirigentes do DEM e do PSDB atenderam ao convite de Mantega, e vão hoje de manhã à Fazenda ouvir a nova proposta do governo.