Título: Lula cede a sindicalistas antes de enviar reforma
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 26/02/2008, O País, p. 5

Quatro dias após Mantega anunciar, presidente manda rever redução da contribuição previdenciária paga por empresas.

BRASÍLIA. Pressionado pelo movimento sindical, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que reveja a proposta de redução da contribuição previdenciária paga pelos empresários. Os sindicalistas pediram garantias de que a Previdência não será prejudicada com a diminuição da contribuição patronal junto ao INSS de 20% para 14%, em seis anos, o que daria um impacto de R$24 bilhões nesse período. Em encontro no Palácio do Planalto, os sindicalistas pediram a retirada desse item da reforma tributária, que deve ser enviada ao Congresso quinta-feira, e disseram que Lula concordou.

Já a assessoria do Ministério da Fazenda informou que a desoneração está mantida, e que o ministro apenas se comprometeu a explicitar as garantias de que a Previdência não será prejudicada. Segundo assessores de Mantega, a perda de R$24 bilhões (R$4 bilhões a cada ano) será bancada pelo Tesouro Nacional, o mesmo mecanismo adotado no caso do fim do salário-educação.

Com o recuo, a proposta de desoneração da folha de salário deverá ser apresentada por meio de projeto de lei posteriormente, e não mais na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) a ser apresentada ao Legislativo, segundo relataram os sindicalistas.

Segundo presidente da Força, Lula pediu calma a Mantega

O recuo do governo ocorreu porque os sindicalistas cobraram uma garantia de que essa desoneração para os empresários não iria afetar o financiamento da Previdência. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que, diante do impasse, Lula pediu que o assunto seja discutido com "mais calma".

- Mantega, tem que ir com calma - disse Lula, segundo contou Paulo Pereira da Silva, durante a tensa reunião no Planalto. - Isso preocupa porque a Previdência é bancada pela (contribuição da) folha. Quem garante que, no futuro, não vão retirar direitos dos aposentados? São R$30 bilhões. Quem vai bancar isso na Previdência? O presidente disse que a gente tinha razão de pensar no futuro e pediu para se discutir mais - contou o deputado.