Título: Cidade desmata sem pedir licença
Autor: Brasiliense, Ronaldo
Fonte: O Globo, 26/02/2008, O País, p. 12

Dos mil fornos de carvão de Tailândia, apenas seis têm autorização.

TAILÂNDIA (PA) e BRASÍLIA. Vivendo da indústria madeireira, Tailândia, a 235 quilômetros de Belém, às margens da rodovia PA-150, até hoje teve autorizado apenas um plano de manejo florestal, para a Florapac Indústria Ltda. Teve também aprovado apenas um projeto de reflorestamento, segundo relatório atualizado da Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O plano de manejo é o documento que dá autorização para o corte legal de madeira.

Todos os demais planos de manejo e projetos de reflorestamento que tramitam na Sema têm pendências de documentos. Esses empreendimentos foram notificados pelo órgão, que aguarda que as empresas apresentem os documentos necessários para o licenciamento.

Levantamento da Sema mostra que 22 madeireiras já obtiveram licença para funcionar e 77 aguardam licenciamento. Um licenciamento foi suspenso. Tailândia tem mais de mil fornos de carvão em atividade, mas apenas seis funcionam com licença ambiental. Outras 38 carvoarias estão com pedido de licenciamento na Secretaria de Meio Ambiente, aguardando parecer.

Ontem, mais 20 caminhões carregados de toras deixaram o pátio da madeireira Tailaminas. A madeira seguiu por uma estrada de terra de 23 quilômetros até as margens do Rio Moju, onde hoje deverá se embarcada numa balsa para Belém.

"A expectativa é de enfrentamento constante"

Em Brasília, o diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, confirmou ontem que a Operação Arco de Fogo terá longa duração. Pelo planejamento inicial, a ofensiva deve se estender por no mínimo um ano. Para Corrêa, essa é a grande diferença entre a Arco de Fogo e as demais grandes operações da PF até o momento.

- A expectativa é de enfrentamento constante - disse Corrêa depois da abertura de um curso de formação de policiais na Academia Nacional de Polícia. Orçada em mais de R$200 milhões, a operação deverá mobilizar 1.100 policiais federais, militares, civis e fiscais do Ibama. Mas, por falta de recursos, dirigentes da PF e do Ibama decidiram começar o combate ao desmatamento com 450 policiais e fiscais em áreas estratégicas como Sinop, em Mato Grosso; Tailândia, no Pará; e Porto Velho, em Rondônia.

Esta primeira etapa deve durar três meses. Se a verba necessária for liberada, a PF partirá para a repressão mais forte ao corte ilegal e ao contrabando. Por enquanto, a PF centrará o ataque nas serrarias, onde há grandes quantidades de madeira de origem ilícita. Depois, policiais e fiscais saem a campo para conter derrubadas em fazendas. O foco é no combate ao desmatamento, mas, segundo Corrêa, serão reprimidos outros crimes ambientais, como tráfico de animais silvestres e poluição de rios.

COLABOROU: Jailton de Carvalho