Título: Assentados exploram madeira ilegal em MT
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 26/02/2008, O País, p. 13

ATAQUE À FLORESTA: Beneficiados por reforma agrária vendem carga mais barata para pequenos caminhoneiros.

Dos 27 caminhões apreendidos desde janeiro em Sinop, 18 saíram de assentamentos; Ibama notificou Incra.

SINOP (MT). Os assentados da reforma agrária no norte de Mato Grosso estão entre os principais exploradores de madeira ilegal na região. Na Operação Rastro Verde, realizada pelos fiscais do Ibama em Sinop (MT), dos 27 caminhões apreendidos desde meados de janeiro, 18 (66% do total) saíram carregados dos assentamentos Mercedes I, Mercedes II e Mercedes V, entre Sinop e Tabaporã.

O Ibama de Sinop informou que enviou ofício ao Incra solicitando o nome dos assentados donos dos lotes de onde foram extraídas as toras. Segundo fiscais, até agora o Incra não forneceu a relação.

A madeira extraída dos assentamentos é vendida, a preços mais baixos que os de mercado, para pequenos caminhoneiros que sobrevivem dessa atividade ilegal. Os assentados derrubam árvores sem apresentar plano de manejo, e por isso deverão ser multados pelo Ibama.

Sem recursos para comprar trator e outros materiais para o desmatamento, os assentados alugam veículos e equipamentos para fazer a derrubada. Como não há documento que autoriza nem a retirada e nem o transporte da madeira, os caminhoneiros cruzam as estradas da região de madrugada para fugir da fiscalização. Eles vendem as toras para madeireiras e serrarias.

Procurado, o Incra, em Brasília, informou não ter localizado dirigentes da superintendência do órgão em Cuiabá para falar sobre o assunto. Todos estariam participando de uma teleconferência.

Enquanto a Polícia Federal não chega a Sinop para iniciar a Operação Arco de Fogo, fiscais do Ibama voltaram a fazer ontem novas ações e apreenderam dois caminhões do tipo bi-trem - com duas grandes carrocerias - lotados de ripas de madeira extraída sem autorização, em Sinop. São dois caminhões da marca Volvo, que seguiam para o Triângulo Mineiro.

Os veículos são novos. Um deles está com apenas 2,7 mil quilômetros rodados. O valor estimado do caminhão é de R$380 mil. O outro, um Volvo 2006, custa R$340 mil. Cada caminhão carregava 50 metros cúbicos de madeira, carga estimada, ao todo, em R$50 mil.