Título: Um exemplo de correção
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 30/04/2009, Brasil, p. 14

Em meio aos 67 livros didáticos analisados, apenas um tratou do tema da diversidade sexual, ainda que de forma superficial e indireta, em duas páginas de exercícios. A obra, utilizada por alunos da 7ª série, conta a história do filme Billy Elliot, em que um garoto decide, contra a vontade da família, dançar balé. Aos alunos, são dirigidas perguntas sobre a reação de parentes e conhecidos, o contexto social em que o personagem vivia, a diferenciação entre atividades tidas como masculinas e femininas. Tatiana Lionço, que coordenou o levantamento, não questiona a abordagem, mas ressalta o número ínfimo ¿ uma publicação, com um exercício apenas ¿ de livros abordando a temática.

Quanto ao melhor momento de começar a trabalhar o assunto em sala de aula, a socióloga Vera Simonetti, coordenadora da ONG Ecos ¿ Comunicação em Sexualidade, é direta. ¿Pode parecer ousado mas, uma educação baseada na igualdade de gênero tem que começar, na verdade, desde bem criancinha. Quantas creches não dividem brinquedos em brinquedos de menina e de menino, isso é coisa de menina, isso é de menino? Esse trabalho teria que ser dirigido não só às criancinhas, como também às pessoas que ficarão com as criancinhas durante o horário escolar¿, afirma a especialista.

Silêncio Para Tatiana, existem contextos, nos livros didáticos, propícios para a discussão da diversidade sexual, mas que não são aproveitados. ¿As peculiaridades das famílias modernas, por exemplo, aparecem em modelos chefiados pela mulher, pelos avós. Ou seja, esse seria um tópico onde poderia se trabalhar o tema da diversidade sexual, mas o que vemos é um silêncio¿, diz a pesquisadora.