Título: Arca do fim do mundo abre hoje
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Fonte: O Globo, 26/02/2008, Ciência, p. 30

Bunker em ilha no Ártico guarda sementes de plantas de toda a Terra.

O nome parece saído de um filme de Indiana Jones ou James Bond, mas a realidade é que a Noruega anunciou ter completado a construção da Arca do Fim do Mundo, formalmente conhecida como a Caixa-Forte Internacional de Sementes. Trata-se de um bunker que tem como finalidade conservar sementes de todas as variedades conhecidas no mundo de plantas com valor alimentício.

A Arca entra em funcionamento hoje, numa cerimônia com a presença de José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia, e da ambientalista e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Wangari Maathai. A Arca do Fim do Mundo foi construída no remoto arquipélago ártico de Svalbard. É fruto de uma parceria entre o governo da Noruega e a Organização das Nações Unidas (ONU).

Depois de décadas de planejamento, ela começou a ser construída em março de 2007 e está localizada a uma profundidade de 120 metros, dentro de uma montanha de Spitsbergen, uma das quatro ilhas que compõem Svalbard.

Proteção contra catástrofes naturais e guerras

Como primeira experiência do tipo, a Arca tem a capacidade de abrigar mais de 4,5 bilhões de sementes de todas as variedades conhecidas e utilizadas pelo homem.

O diretor do projeto, Kerry Fowler, afirmou que a iniciativa visa a salvaguardar a agricultura mundial no caso de catástrofes futuras, como guerras nucleares, a queda de asteróides e as mudanças climáticas.

¿ Este é o plano B, a rede de segurança ¿ garantiu Fowler. ¿ E sabemos que grande parte da diversidade de plantas comestíveis está sendo perdida mesmo em bons bancos genéticos.

Segundo Fowler, como a caixa forte foi construída dentro da montanha, o solo permanentemente gelado pode continuar a fornecer refrigeração natural em caso de uma falha do seu sistema mecânico.

A Arca do Fim do Mundo é composta por três câmaras com a capacidade de guardar bilhões de sementes.

Tore Skroppa, diretor do Instituto de Florestas e Paisagens da Noruega, que também participa do projeto, declarou que as mudanças climáticas foram um dos motivos para a criação do banco de sementes, mas não o único.

Fonte de realimentação de bancos de sementes

Segundo Skroppa, mais de 40 países tiveram parte ou a totalidade de seus bancos de sementes destruídos nos últimos anos, seja devido à guerra, como em Afeganistão e Iraque, ou por conta de inundações ou outros desastres naturais, como aconteceu nas Filipinas e em Honduras.

Embora a caixa-forte norueguesa tenha sido projetada para proteger espécies de acontecimentos catastróficos, Skroppa disse que ela pode ser usada também como uma fonte de realimentação de bancos de sementes.