Título: Lucro do BB caiu 16,3% em 2007, a R$5 bi, por demissão e seguro-saúde
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 27/02/2008, Economia, p. 28

Perdendo para ganho dos concorrentes privados, banco diz ter cortado gordura

BRASÍLIA. Ao contrário dos seus principais concorrentes privados, o Banco do Brasil (BB) fechou 2007 com lucro líquido menor em relação ao ano anterior: R$5,058 bilhões, um recuo de 16,3% ante os R$6,044 bilhões de 2006. No mesmo período, os ganhos do Bradesco subiram 58,5%, e os do Itaú, 96,7%. O presidente do BB, Antonio Lima Neto, frisou que os resultados poderiam ser melhores caso não tivessem sido adotadas medidas administrativas extraordinárias que tiveram impacto negativo de R$929 milhões no balanço. Ainda assim, o BB, maior instituição financeira do país, não repetiria o desempenho dos concorrentes.

A principal ação adotada foi o Plano de Afastamento Antecipado (PAA) para funcionários com mais de 50 anos e 15 anos de contribuição à Previ (a caixa de previdência do BB). Isso resultou na saída de sete mil empregados, ao custo de R$604 milhões. Já a reestruturação do plano de saúde, administrado pela Cassi, com aumento, por exemplo, nos valores pagos a médicos, teve impacto de R$325 milhões no caixa.

- Seria cômodo fazer um lucro superior a R$6 bilhões em 2007, pois bastava não fazer as operações de turnover (aposentadoria antecipada) e da Cassi, mas teríamos uma estrutura de custo inadequada. O resultado do ano passado foi adequado para o banco e seus desafios para o futuro - afirmou Lima Neto.

O lucro recorde de 2006, lembrou o presidente, também havia sido motivado por fatores extraordinários, como a ativação de créditos tributários e um acordo com a Previ. Sem esses fatores, o resultado líquido de 2006 teria sido de R$3,6 bilhões. Lima Neto lembra que, sem os fatores externos, o lucro recorrente (que exclui os itens extraordinários) do ano passado chegaria a R$5,748 bilhões, 56,8% acima do de 2006.

Mercado ficará de olho no desempenho do banco

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, em números absolutos o resultado do BB decepciona, mas, quando se observa o lucro recorrente, ele não se afasta dos grandes bancos. Segundo Agostini, as medidas adotadas pelo BB são positivas, pois podem resultar em ganhos de produtividade:

- Sempre se espera mais do Banco do Brasil. O mercado agora ficará de olho no desempenho, já que esses fatores extraordinários não existirão.

Lima Neto diz que esse lucro recorrente aponta a direção do banco, mas admite que o BB está atrás da concorrência:

- A principal mensagem desse resultado é que o Banco do Brasil está em agenda de recuperação do mercado. Fizemos as ações em 2007, pois tínhamos gordura.

As metas para 2008 incluem ganhar terreno em mercados novos, aumentar a base de clientes e os produtos oferecidos. Como o crédito automotivo, no qual o banco deu um salto de 227% em 2007, mas ainda tem só 3,5% do mercado. A meta este ano é passar dos R$2,9 bilhões emprestados em 2007 para R$6 bilhões.

No crédito consignado (com desconto em folha), o objetivo é aumentar a carteira, que fechou 2007 com R$11,9 bilhões - 33% a mais-, principalmente atraindo empresas privadas. O BB também aguarda autorização do Ministério da Fazenda para entrar no mercado imobiliário, utilizando recursos da caderneta de poupança e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), hoje praticamente dominados pela Caixa Econômica Federal.

Este ano, o BB também deverá lançar o Banco do Brasil Federal Savings Bank, voltado aos brasileiros que moram nos Estados Unidos.