Título: Eduardo Cunha, ex-aliado de Collor e Garotinho, assume a poderosa CCJ
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 28/02/2008, O País, p. 4

Deputado também liderou rebelião no PMDB para dar Furnas a Conde

BRASÍLIA. Depois de 15 dias de negociação, os líderes partidários decidiram ontem a divisão de cargos nas comissões permanentes da Câmara. O peemedebista Eduardo Cunha (RJ) presidirá a principal comissão da Casa, a de Constituição e Justiça, em substituição a Leonardo Picciani (PMDB-RJ), do mesmo grupo político. Disposta a garantir a indicação de Cunha, a bancada do Rio pressionou e o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), aceitou, em detrimento do gaúcho Mendes Ribeiro.

- A nossa indicação para a CCJ será o deputado Eduardo Cunha - limitou-se a dizer Henrique Alves.

Na tropa de choque de governos investigados

No passado, Cunha foi da tropa de choque de governos polêmicos, como o do ex-presidente Fernando Collor de Mello e o do ex-governador Anthony Garotinho, no Rio. O deputado foi do PRN, partido de Collor, e presidiu a Telerj. Na gestão Garotinho, presidiu a Companhia Estadual de Habitação (Cehab), cujas licitações, entre 1999 e 2000, foram alvo de investigações do Ministério Público do Rio.

Eduardo Cunha começou a se destacar no atual mandato ao exercer a função de relator da emenda constitucional que prorrogava a CPMF. Em troca da agilidade na elaboração do relatório, pediu - e conseguiu - indicar o ex-prefeito Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas. No Rio, Conde foi presidente da Cedae, também por indicação de Cunha. Fundo de pensão da estatal fluminense, a Prece foi alvo de investigação da CPI dos Correios.

"Pelo menos ele é direto", se conforma ministro

Mais recentemente, derrubou a sessão que poderia encerrar a votação da medida provisória que criou a TV Pública e forçou uma negociação. Eduardo Cunha tem força no partido. Além de comandar a bancada do Rio, também participa da interlocução feita pelo líder e pelo presidente, Michel Temer (SP), com o governo. Um ministro definiu a relação com Cunha:

- Pelo menos ele é direto e diz abertamente o que está querendo.

O argumento usado pela bancada do PMDB é o numérico. Dos 92 deputados do partido, dez são do Rio. Na divisão dos postos de comandos da Câmara, a base governista terá a presidência de 14 comissões permanentes e a oposição, cinco. DEM, PSDB e PPS conquistaram o comando das comissões de Agricultura, Fiscalização e Controle, Transportes e Turismo.