Título: PF já tem suspeito no caso do furto da Petrobras
Autor: Rosa, Bruno; Balbi, Aloysio
Fonte: O Globo, 28/02/2008, Economia, p. 29

Ele será indiciado no relatório a ser enviado à Justiça na próxima semana. Estatal vai rever procedimentos

MACAÉ. A Polícia Federal já tem um suspeito no caso do furto de equipamentos da Petrobras, de acordo com fontes envolvidas nas investigações. O possível responsável pelos furtos será indiciado no relatório que a PF de Macaé vai encaminhar à Justiça Federal, na próxima semana. Essa pessoa será ouvida em até duas semanas na delegacia da PF de Macaé, que concentra as investigações. A partir desta segunda etapa, vai se tentar descobrir "a mando de quem" o suspeito teria agido.

Segundo as investigações no Rio, já se sabe que o suspeito conhecia bem o sistema de chegada e saída dos materiais, pois a violação do lacre da segunda caixa furtada não é visível ao manuseá-la. Os equipamentos furtados estavam em duas caixas e em um contêiner que ficaram armazenados no terminal da Poliporto, na zona portuária do Rio. Todos os contêineres e caixas que chegam ao terminal e à base da Halliburton, em Macaé, têm uma espécie de nota fiscal, enumerando os equipamentos enviados.

- Foi muito bem feito. Não dá para perceber (que o lacre estava violado) - disse uma fonte. - Ainda não se sabe se essa pessoa agiu sozinha, se faz parte de uma quadrilha ou se estava a mando de alguém.

Petrobras abriu sindicância interna para apurar o caso

Não se sabe ainda se o crime foi furto comum ou espionagem industrial. A PF ainda trabalha com as duas hipóteses. Ontem, apenas dois funcionários da Halliburton foram ouvidos em Macaé. Estavam previstos depoimentos de outros dois, que não compareceram porque estavam trabalhando em plataformas da Petrobras. Por ora, a PF decidiu liberá-los. Com isso, a empresa americana encerra a sua participação no caso.

De acordo com o diretor-geral de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, a empresa está revendo procedimentos para evitar novos furtos.

- Estamos revendo todos os procedimentos para evitar que se repitam coisas como essa - disse Estrella, em coletiva de imprensa sobre o acidente com o helicóptero da estatal, em Macaé. - Já tomamos algumas medidas e tomaremos outras. Mas é muito importante que os procedimentos passem a ser padronizados depois da conclusão das investigações.

A Petrobras também está fazendo uma investigação interna, há três semanas, para apurar se houve envolvimento de seus funcionários no furto. Estão sendo ouvidos diretores, gerentes e técnicos que trabalham no campo de Júpiter, na Bacia de Santos, em Macaé e no Rio de Janeiro.

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) também tem colaborado com a Polícia Federal, enviando informações sobre os campos, as reservas e as licitações feitas no país. O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro está acompanhando externamente o caso, mas ainda não está colaborando com as investigações.

(*) Enviado especial