Título: Descontos maiores podem não derrubar tarifas aéreas
Autor: Schreiber, Mariana; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 28/02/2008, Economia, p. 29

Segundo Abav e TAM, medida da Anac é insuficiente

RIO e BUENOS AIRES A ampliação dos descontos autorizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nas tarifas aéreas brasileiras para destinos na América do Sul não significarão, necessariamente, economia para a maioria dos consumidores. É o que acredita o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Carlos Alberto Ferreira:

- Certamente haverá assentos mais baratos, mas serão poucos, apenas para fazer propaganda. Os demais serão vendidos pelo mesmo preço ou ficarão até mais caros para compensar os novos descontos.

A medida anunciada pela Anac prevê que o desconto máximo no valor das tarifas sobre o preço-referência fixado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) será ampliado gradativamente até chegar a 100% em setembro.

O vice-presidente de planejamento da TAM, Paulo Castello Branco, comemorou a decisão, mas acha que a medida é insuficiente para provocar redução de tarifas. Segundo ele, é preciso ampliar o número de vôos, aumentando assim a oferta de assentos. Para que isso ocorra, no entanto, o governo federal precisa rever contratos bilaterais com nações sul-americanas que definem o número máximo de vôos autorizados para cada país.

- Para Caracas, só temos direito a sete vôos semanais, dos 14 que o Brasil opera. E para Bogotá não podemos voar, pois a Varig tem as sete freqüências - reclama Castello Branco, lembrando que mesmo os 122 vôos semanais autorizados para a Argentina (dos quais a TAM opera 63), em breve, não atenderão mais a demanda.

Já o vice-presidente de marketing e serviços da Gol, Tarcísio Gargioni, acredita que haverá redução dos preços:

- Há liberação de tarifas nos outros países, e lá elas são mais baratas que daqui.

Representantes da Aerolíneas Argentinas afirmaram que a medida adotada pelo Brasil foi bem recebida "porque tudo o que for liberalização de tarifas é bem visto pela empresa".

- Certamente teremos de baixar preços, mas será uma concorrência leal, não vemos qualquer problema nisso - disse uma fonte da Aerolíneas Argentinas.

Atualmente, as tarifas para o exterior estão liberadas no país. Segundo a Pezzati, uma agência de viagens argentina, uma passagem Buenos Aires-Rio-Buenos Aires, sem contar os impostos, fica em R$347 pela Aerolíneas e pela Varig. Já o preço da TAM é de R$352. Com a uruguaia Pluna, fica em R$363. Comprando a mesma passagem pela Gol no Brasil, a tarifa fica em R$507. Saindo de São Paulo, custaria R$471 pela Varig e pela Tam.

(*) Correspondente