Título: Turismo afetado pelo mal
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 30/04/2009, Mundo, p. 36

Pessoas que compraram passagens ou pacotes turísticos para o México ou países onde há casos da gripe suína têm corrido às agências e operadoras de turismo para trocar ou pedir reembolso do bilhete aéreo ou do valor da viagem. Não existe acordo ou regra generalizada ¿ em território nacional ou entre os Estados ¿ sobre como companhias aéreas, hotéis, e vendedores de pacotes devem proceder com relação a esses casos. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, pela sigla em inglês) reuniu-se com a Organização Mundial de Saúde (OMS) no último sábado e divulgou nota pedindo às companhias aéreas que tenham preparados ¿seus planos de ação no caso de emergência de saúde¿, mas não recomendou a suspensão de viagens para áreas endêmicas.

Algumas companhias aéreas anunciaram oficialmente que vão devolver a quantia integral paga pelos bilhetes para esses destinos. Até o fechamento desta edição, as empresas Aeroméxico e Mexicana Airlines divulgaram comunicados informando que decidiram fazer o reembolso ¿ integral e sem ônus ¿ para o cliente no caso de passagens marcadas até 30 de maio para o país. A Copa Airlines, da América Central, que voa para México e EUA, adotou o mesmo procedimento com relação a viagens agendadas para até 15 de maio. As três empresas operam em aeroportos do Brasil. De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Turismo (Abav), a procura por lojas para troca ou devolução de pacotes e passagens tem sido ¿significativa¿. A orientação da entidade às suas associadas é de fazer o reembolso integral, sem multas, ao menos no caso de pacotes para o México.

Punição O presidente da regional no Distrito Federal da Abav, João Zisman, afirma que não há punição prevista para as empresas que não cumprirem a orientação. Segundo ele, no caso dos EUA tem havido dificuldade em obter o reembolso ou troca de destino sem pagamento do valor previsto por quebra de contrato. Houve registro de um caso em Brasília de operadora que mostrou-se inflexível e realizou a devolução pelas ¿vias normais¿ ¿ cobrando taxa adicional ¿ de um pacote para Nova York. ¿Não há muito o que fazer, exceto dialogar, embora eu pessoalmente acredite que deveria adotar-se uma política de flexibilidade¿, afirmou Zisman.

Em São Paulo, as operadoras tentam convencer os turistas a mudarem o destino. ¿Aqui, conseguimos alterar o roteiro de 55 turistas que iriam para a Cidade do México, em julho. Estamos remarcando a viagem para Buenos Aires. A viagem sai mais barato. Quem pagou a prestação, ficará livre de três parcelas. Quem pagou à vista, terá parte do dinheiro de volta¿, conta o agente Riomar Mercado.

A empresa de turismo norte-americana Carnival Cruise Lines suspendeu as paradas de três de seus navios no México. Já a agência de turismo britânica Thomson cancelou dois voos do Reino Unido a Cancún e vai repatriar os britânicos que passam férias no México. Segundo o infectologista Ricardo Pereira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é bom evitar as viagens internacionais. ¿Se a viagem é a turismo, é melhor não ir. Além de deixa parentes preocupados, o viajante vai se submeter a riscos desnecessários¿, argumentou.