Título: Desemprego de 8% é o menor apurado em janeiro
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 29/02/2008, Economia, p. 33

Percentual de empregados com carteira assinada alcançou 48,3% da população ocupada, melhor nível desde 2002

Embora tenha subido em janeiro, a taxa de desemprego de 8% apurada nas seis maiores regiões metropolitanas do país atingiu o menor patamar já registrado no primeiro mês do ano na série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em março de 2002. O resultado foi ainda o menor de toda a série, ficando apenas acima do apurado em dezembro do ano passado (7,4%). Em janeiro de 2007, o desemprego ficou em 9,3%.

Além disso, pela primeira vez, o número de desocupados nessas regiões urbanas ficou abaixo de 2 milhões em um mês de janeiro: foram 1,842 milhão de pessoas (7,5% a mais do que em dezembro, mas 12,1% abaixo do contingente de janeiro de 2007).

- Apesar do avanço da taxa de dezembro para janeiro, o quadro é positivo. Até porque é normal ocorrer dispensa de funcionários temporários contratados para o Natal - explicou Adriana Beringuy, técnica da gerência da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

Rendimento médio ficou estável no mês

A especialista do IBGE acrescentou ainda que o mercado de trabalho avança em qualidade. Para se ter uma idéia, a participação do grupo de empregados com carteira assinada no total da população ocupada alcançou em janeiro 48,3%, o maior patamar da série histórica iniciada em março de 2002. Em janeiro, esse contingente avançou 8,7% sobre janeiro de 2007. Somados nessa conta os militares e funcionário públicos, a participação dos empregos formais sobe ainda mais.

No mês passado, o rendimento médio ficou estável frente a dezembro - o que é atípico para um mês de janeiro, comentou Adriana. Isso porque os ganhos de dezembro, em especial do comércio, tendem a ser maiores por causa das vendas de fim de ano. A renda média ficou em R$1.172,50, subindo 3,4% frente a janeiro de 2007. Os trabalhadores com carteira tiveram ganhos médios de R$1.139,20 (1% a mais do que em dezembro); os sem carteira, de R$824,20 (alta de 0,7%).

- Esse resultado traz o melhor de toda a série e indica um cenário econômico favorável - acrescentou a economista.

A massa de rendimentos reais efetivos da população ocupada foi estimada em R$31,5 bilhões (mês de referência dezembro de 2007). Houve, com isso, alta em relação a novembro anterior (17,8%) e, também, em relação a dezembro de 2006 (9,6%).

Segundo a pesquisa do IBGE, em janeiro, havia 21,3 milhões de pessoas ocupadas nas seis regiões investigadas pelo instituto. O que não representa variação significativa na comparação com o mês anterior (são menos 120 mil pessoas, ou 0,6%). Já em relação a janeiro de 2007 a ocupação cresceu 3,6% - ou 743 mil postos de trabalho.

Firjan: quadro do mercado de trabalho é favorável

Para Luciana de Sá, economista da Firjan, a elevação na desocupação pode ser encarada como favorável. Ela explica que esse aumento - ainda que influenciado por sazonalidade - é uma reação natural de economias em crescimento:

- Quando a economia está mais aquecida, as pessoas tendem a procurar mais emprego. E isso, também, faz elevar a desocupação no país. Mas o quadro é bastante favorável.

Na avaliação de Adriana, do IBGE, a melhora no mercado de trabalho é sustentável:

- Por enquanto, o mercado de trabalho está favorável. Mas é preciso observar, especialmente, o desempenho da economia brasileira frente à economia mundial.