Título: Múcio: Lupi terá de optar entre PDT e ministério
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 02/03/2008, O País, p. 11

Ministro das Relações Institucionais diz que situação do pedetista se agravou com denúncias de repasses irregulares a ONGs.

SÃO PAULO. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, disse ontem que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, terá de optar esta semana se continua na presidência do PDT ou no comando da pasta. Segundo Múcio, a situação de Lupi se agravou semana passada, após as revelações feitas pelo GLOBO sobre repasses irregulares de verbas do ministério para entidades ligadas ao PDT. Antes, a Comissão de Ética Pública havia apontado incompatibilidade entre as funções de ministro e presidente de partido.

- Ficou incômodo. Acho que não foi uma coisa legal, não foi uma coisa boa. Esta semana isso vai ser resolvido, de uma forma ou de outra. Ele vai ficar em algum lugar - disse Múcio.

Perguntado se Lupi vai ficar no ministério ou no partido, Múcio respondeu:

- Torço para que seja no ministério. Acho que, para ele, poderia ser mais cômodo ficar no ministério e se licenciar do partido, no momento, e sair dessa linha de fogo. É mais cômodo para ele. Ficar debaixo dessa saraivada de denúncias é ruim para quem ocupa um ministério.

Segundo o ministro das Relações Institucionais, a avalanche de denúncias envolvendo Lupi tem causado incômodo também para o governo.

- É óbvio que quanto menos marolas para o governo, que já tem alguns problemas, melhor.

Recomendação da Comissão de Ética agravou situação

Múcio disse que as denúncias de repasses irregulares ao PDT não teriam tanta importância se não estivessem relacionadas à recomendação da Comissão de Ética Pública:

- Se não estivéssemos no meio desse debate da ética ou falta de ética de ser ministro e presidente de um partido, isso (as denúncias) não teriam suscitado a discussão.

Mas políticos governistas e de oposição, reunidos ontem na festa pelos 30 anos de vida pública do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foram unânimes ao dizer que não há incompatibilidade entre ocupar a presidência de um partido e um ministério.

- Em alguns países da Europa é uma praxe. Para ser primeiro-ministro, é preciso presidir o partido - disse o deputado Ciro Gomes (PSB-CE).

Crítico feroz do governo Lula, o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (RJ), defendeu Lupi, que foi secretário municipal, na gestão de seu pai, Cesar Maia, na prefeitura do Rio:

- O ministro Lupi tem a trajetória de um homem honrado.

Principais pré-candidatos à prefeitura de SP reunidos

A festa de Rebelo reuniu dezenas de políticos de todos os partidos, além de personalidades do mundo artístico e esportivo, no clube da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, em São Paulo. Entre os presentes estavam o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

Quatro dos principais pré-candidatos à prefeitura de São Paulo dividiram o mesmo palanque: o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), a vereadora Soninha Francine (PPS), além do próprio Rebelo. Também compareceram os governadores de Ceará, Cid Gomes (PSB); Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB); Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), além dos ministros Múcio e Orlando Silva Filho (Esporte).