Título: Governo prevê inauguração de UPAs e até biblioteca
Autor: Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 02/03/2008, Rio, p. 20

Obras de reurbanização devem custar R$911 milhões e vão beneficiar 4 favelas.

A reurbanização de quatro favelas (três no Rio e uma em Niterói) deverá custar cerca de R$911 milhões. E o governo tem pressa: este ano haverá inaugurações de obras. A passarela sobre a Lagoa-Barra projetada por Oscar Niemeyer, semelhante ao Arco da Praça da Apoteose do Sambódromo, que virou uma espécie de símbolo das obras do PAC na Rocinha, ficará pronta em outubro deste ano.

Em julho serão inaugurados unidades de Pronto Atendimento (UPA) no Alemão e na Rocinha, de acordo com os cronogramas da Secretaria estadual de Obras. Depois, em setembro, um Centro da Juventude que inclui biblioteca com acesso livre à internet, em Manguinhos.

Teleférico no Alemão é semelhante ao de Medellín

A obra mais complexa, contudo, deverá ser o teleférico de 2,9 quilômetros que vai cruzar o Complexo do Alemão até a estação de trens de Bonsucesso. O governo já projetou as cabines para dez pessoas cada uma, que deverão transportar até três mil pessoas por hora. Semelhante a um projeto realizado em Medellín, na Colômbia, ele deverá chegar a 170 metros de altura.

Mas, para o jovem Maicom Januário da Silva, 18 anos, dançarino de funk, o importante mesmo seria que o campo de futebol da comunidade, na Grota, fosse completamente reformado:

- Tá um horror- lamenta.

ONG também quer bons serviços

Alan Brum, que é diretor do Grupo Sócio Cultural Raízes em Movimento, já tem preocupações com o futuro. Segundo ele, é preciso que o governo pense em formas de garantir os serviços que serão prestados nas unidades sejam realizados por pessoas qualificadas. E que aconteçam, de fato.

- Também está sendo difícil lidar com tão pouca informação sobre o que vai acontecer aqui - contou Alan.

Ainda que os empregos novos não venham, a comunidade tem tentado alternativas para não mais repetir o ciclo de pobreza que a domina. Sadraque Santos e Maycom Brum de Almeida estudaram fotografia e agora são profissionais. Moradores da favela, além de terem agora uma nova opção de trabalho, também têm um novo olhar sobre o lugar em que sempre viveram.

- Este trabalho serviu para que nós pudéssemos ver a favela com outros olhos e mostrar que aqui também há beleza - conta Sadraque.