Título: Ministro diz que proibição trará obscurantismo
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 01/03/2008, Ciência, p. 45
Temporão defende prosseguimento dos estudos.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou ontem que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode levar o Brasil para uma época de obscurantismo caso decida, na quarta-feira, pela proibição das pesquisas com células-tronco embrionárias. Por outro lado, se o STF for favorável às pesquisas, o ministro acredita que o Brasil poderá ingressar na fronteira do conhecimento científico.
- Essa decisão interessa muito à ciência e à medicina brasileiras. Poderemos entrar numa época de obscurantismo e de atraso ou seguir no caminho do fortalecimento da capacidade brasileira de enfrentar as doenças dos brasileiros e ter condições de produzir aqui, no nosso pais, as tecnologias do futuro - disse José Gomes Temporão. - Essa é uma área em que o Brasil tem todas as possibilidades de estar na fronteira do conhecimento, em pé de igualdade com os países mais avançados.
Após a realização de audiências públicas, ele acredita que já houve tempo suficiente para o debate acerca do uso de células-tronco embrionárias:
- Chegou a hora da decisão. Essa não é uma questão religiosa, tem a ver com ciência.
O Ministério da Saúde está financiando um estudo de terapia com célula-tronco adulta para o tratamento de doenças cardiovasculares, um investimento de R$15 milhões. O ministro alega, no entanto, que o resultado poderia ser mais eficaz se as células-tronco embrionárias pudessem ser utilizadas.
- Especialistas estimam que se este tratamento pudesse ser feito com célula-tronco embrionária, teríamos grande possibilidade de desenvolver novas tecnologias e abordagens terapêuticas que poderiam ter grande impacto no tratamento de doenças crônicas, como demência, degenerações nervosas, males cardíacos, diabetes e uma série de outras patologias.
Durante a inauguração do Centro de Cardiologia Celular e Molecular do Instituto Nacional de Cardiologia, ontem de tarde, Temporão afirmou que o Ministério da Saúde não pode ser apenas responsável pela assistência médica de qualidade. De acordo com o ministro, é importante formular e avaliar políticas.