Título: Coaf bloqueou R$17,7 milhões em contas de suspeitos de crimes
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Fonte: O Globo, 04/03/2008, O País, p. 9

Valor obtido em 2007 é um recorde nos 10 anos de atuação do órgão

BRASÍLIA. A fiscalização do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) levou, no ano passado, a um recorde no volume de recursos bloqueados por ordem judicial. Com base em informações do órgão, que monitora movimentações bancárias suspeitas, foram congelados R$17,7 milhões em contas de pessoas investigadas por lavagem de dinheiro e outros crimes. O valor ficou 9,25% acima da maior marca anterior, atingida em 2004. Nos últimos cinco anos, a Justiça bloqueou R$62,3 milhões, sendo R$21,25 milhões no Rio de Janeiro.

O presidente do Coaf, Antonio Gustavo Rodrigues, admitiu que o bloqueio ainda está aquém do desejável. Após a festa que celebrou os dez anos do Coaf, ele lembrou que muitos condenados recuperam o fruto do crime, mesmo após cumprir pena.

- O ideal é que, quando se tem uma operação policial, as contas sejam bloqueadas imediatamente. Não basta prender o criminoso. Para algumas pessoas, pode valer a pena ficar preso alguns anos e depois sair rico - afirmou Rodrigues.

Em 20 meses, o Coaf rastreou R$63 milhões em contas ligadas à principal facção criminosa de São Paulo. Foram identificadas 686 contas suspeitas de receber dinheiro do tráfico de drogas entre novembro de 2005 e julho de 2007. O Coaf enviou os dados ao Ministério Público, que conseguiu congelar, em novembro, cerca de R$60 mil em contas de mulheres ligadas aos chefes da facção.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que a vigilância é fundamental:

- É preciso cortar o fluxo de recursos financeiros que mantém o funcionamento das organizações criminosas. Os recursos recuperados podem financiar o Estado para aperfeiçoar os mecanismos de controle da lavagem de dinheiro.

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou que o país ainda padece de um "crônico problema de ineficiência no trato com a criminalidade organizada":

- Enquanto os órgãos estatais perdem tempo com divergências e competições, a criminalidade organizada amplia suas atividades nefastas.