Título: Bolsas caem no mundo, mas Bovespa sobe 1,58%
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 04/03/2008, Economia, p. 19
Temores sobre recessão americana pressionaram índices internacionais. Dólar tem nova queda e fecha a R$1,672
RIO, BRASÍLIA e NOVA YORK. O mercado de ações brasileiro subiu ontem, apesar da queda da maior parte das bolsas americanas, européias e asiáticas. O principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, fechou em alta de 1,58%, aos 64.490 pontos. O dólar teve mais uma queda, de 1,12%, para R$1,672. Já o Dow Jones chegou a cair 0,86% durante o dia, mas encerrou quase estável, em queda de 0,06%. Já o eletrônico Nasdaq recuou 0,57%. Temores em relação à desaceleração da economia americana derrubaram também bolsas asiáticas. O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio, por exemplo, caiu 4,49%.
Um fato que animou os analistas no Brasil foi o de a alta local não ter sido puxada pelas ações da Vale e da Petrobras, que concentram 31,16% do Ibovespa. Pelo contrário. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal caíram 0,67%, e as da mineradora perderam 0,44% (as PNAs) e 0,61% (as ONs, ordinárias, com voto).
Petrobras aprova desdobramento de ações
Na petrolífera, o motivo para queda foi a expectativa de um balanço fraco à noite - o que se confirmou, com queda de 17% no lucro líquido da estatal no ano. A Petrobras também divulgou que seu Conselho de Administração aprovou ontem o desdobramento de ações da empresa. Se os acionistas concordarem com a proposta em assembléia a ser realizada em 24 de março, cada ação - ordinária e preferencial - será desdobrada em duas. Na Vale, as incertezas foram sobre o impasse para aquisição da anglo-suíça Xstrata.
Com a queda das ações das duas empresas, os papéis das empresas ligadas ao consumo interno deram o tom na Bovespa: as da Natura subiram 6,02%, as das Lojas Renner, 4,29%, e as da Redecard, 3,84%, destacou Álvaro Bandeira, economista da Ágora.
- Foi um bom momento, porque a alta foi dispersa - disse.
No mercado americano, pesou a queda de 1,7% na despesa em construção nos EUA em janeiro, a maior em 14 anos, informou ontem o Departamento de Comércio. Os economistas previam recuo menor, de cerca de 0,8%. Já a atividade no setor manufatureiro caiu em fevereiro, segundo o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM). O índice ficou em 48,3 pontos, comparado aos 50,7 do mês anterior.
Ontem, o megainvestidor Warren Buffett disse, em entrevista à rede de TV americana CNBC, que os EUA já estão em recessão. Também afirmou ter retirado sua oferta de US$800 bilhões para a compra da área de seguros de bônus municipais (como MBIA e Ambac), feita em fevereiro. Segundo ele, as seguradoras recusaram a oferta.
No Brasil, o mercado confirmou a expectativa de que o Banco Central (BC) não vai mexer na taxa básica de juros, a Selic - hoje em 11,25% ao ano -, esta semana, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne, mostrou a pesquisa semanal Focus da instituição divulgada ontem.
COLABOROU: Patrícia Duarte, com agências internacionais