Título: Ladrões do BC são condenados a pena de 49 anos
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 06/03/2008, O País, p. 11

Os dois réus também vão ter que pagar multa de R$6,5 milhões; ao todo, 17 criminosos já foram declarados culpados

FORTALEZA. Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, apontado pela polícia como o chefe da quadrilha que furtou o Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005, foi condenado ontem a 49 anos e dois meses de prisão. A sentença foi dada pelo juiz federal Danilo Fontenelle Sampaio um dia depois do depoimento em que Jussivan confessou sua participação no crime e deu detalhes sobre o assalto.

O juiz diz na sentença que não considerou esse gesto relevante porque havia farta comprovação do seu envolvimento. A pena deverá ser cumprida em regime fechado. Alemão também foi condenado a pagar multa que totaliza R$6,5 milhões. A rapidez da sentença deveu-se ao fato de Alemão estar sendo julgado à revelia. A sentença já estava para sair quando ele foi preso no último dia 25 em Taguatinga, cidade satélite de Brasília.

Na mesma sentença, o réu Marcos Rogério Machado de Morais também foi condenado a 49 anos e dois meses de reclusão e a multa de mesmo valor aplicada a Antônio Jussivan. Segundo o juiz, titular da 11ª Vara da Justiça Federal, os dois condenados ¿participaram do planejamento, preparação e execução do furto ao Banco Central, bem como das atividades de ocultação e posterior divisão de parte do numerário¿.

Dois réus são absolvidos por falta de provas

Por falta de provas, foram absolvidos os réus Josiel Lopes Cordeiro e Tadeu de Souza Matos. Essa é a quarta sentença proferida pelo juiz. Ao todo, foram condenadas 17 pessoas. Atualmente, vinte estão presos, 26 encontram-se soltos e seis continuam foragidos.

O furto ao cofre do Banco Central ocorreu no entre os dias 5 e 6 de agosto de 2005. Os bandidos levaram R$164,7 milhões em notas de R$50, retirados através de um túnel de 78 metros de extensão. A multa que Antônio Jussivan terá que pagar é maior do que o valor que ele ganhou na divisão do roubo.

No depoimento que prestou anteontem, ele disse que ficou com R$5 milhões, e que cada um dos cerca de trinta bandidos que participaram da escavação também recebeu o mesmo valor. Ele negou que fosse o chefe do bando, apontando Luiz Fernando Ribeiro, o Fernandinho, sequestrado e morto em agosto daquele ano, como o financiador do grupo.

Marcos Rogério e Antônio Jussivan foram condenados por furto qualificado, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e formação de quadrilha. A advogada de Antônio Jussivan, Maria Erbênia Rodrigues, ficou surpresa com o tamanho da pena. Ela disse que entrará com recurso de apelação no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), em Recife.

Para ela, o juiz foi muito rigoroso porque começava dando a pena máxima por cada um dos crimes. Ela estranhou o fato dele ter aplicado duas condenações pelo crime de lavagem de dinheiro. O juiz acrescentou o crime de ocultação de dinheiro.

Pelo Código Penal, eles cumprirão um sexto da pena em regime fechado e o restante poderá ser cumprido em semi-aberto. Essa não foi a maior pena aplicada aos envolvidos no furto ao BC. Na primeira sentença, Marcos de França foi condenado a 53 anos de prisão.