Título: Colombianos buscam alternativa comercial
Autor: Azevedo, Cristina
Fonte: O Globo, 06/03/2008, O Mundo, p. 33

Embora apóiem Uribe, empresários se preocupam com impacto de crise com Venezuela, principal parceiro mercantil do país

BOGOTÁ. Os empresários colombianos estão estudando um plano B, uma alternativa para o comércio com a Venezuela - uma tarefa nada fácil, já que o país vizinho é o segundo parceiro comercial da Colômbia, depois dos EUA. Líderes das principais associações empresariais do país se reuniram nos últimos dias com o presidente Alvaro Uribe e com os ministros de Fazenda, Relações Exteriores e Defesa para buscar alternativas.

-- Há muito tempo trabalhamos com as ameaças de Hugo Chávez. Ele não vai nos destruir moralmente - disse, ao GLOBO, Eugenio Marulanda, presidente da Confederação de Câmaras de Comércio da Colômbia, a Confecâmaras. - Não vamos nos intimidar.

Da reunião de terça-feira e de ontem saiu um comunicado, em que os líderes empresariais respaldam o governo na crise com os países vizinhos, ao mesmo tempo em que pedem alternativas para a economia do país. Marulanda negou que haja pressão sobre o governo, dizendo que estão buscando uma atitude pró-ativa.

-- Estamos estudando fórmulas, medidas de emergência.

Essas medidas incluem fomentar a demanda interna e buscar uma diversificação de mercados, principalmente com os países latino-americanos.

Equador também sente reflexos da crise

O presidente da Confecâmaras, no entanto, desmentiu informações que circularam na véspera de que a fronteira venezuelana havia sido fechada. Segundo ele, naquele dia foram exportados US$4 milhões para o país vizinho. A notícia já havia sido desmentida mais cedo pelo ministro da Defesa venezuelano, general Gustavo Rangel.

Para o professor de Ciências Políticas da Universidade Nacional da Colômbia, Marco Romero, um agravamento da crise com a Venezuela pode afetar duramente a economia do país.

-- A Venezuela pode piorar sua crise de abastecimento, mas depois vai comprar de outra nação. Perde mais a Colômbia.

Reflexos da crise também foram sentidos no Equador. O comércio entre Bogotá e Quito diminuiu entre 30% e 40%, segundo fontes oficiais, após o conflito diplomático. Antes de sair a decisão da OEA, as câmaras da produção e exportadores equatorianos disseram que havia \"incertezas\" em relação a uma possível crise no comércio bilateral.