Título: Gasto na Petros pode evitar perda maior no futuro
Autor: Camarotti, Gerson; Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 05/03/2008, Economia, p. 22
Para analistas, medida para ajustar contas da fundação foi positiva.
Os recursos destinados pela Petrobras ao fundo de pensão Petros - que provocaram perdas contábeis de R$1,75 bilhão no balanço da companhia em 2007 - foram uma despesa necessária para evitar prejuízos maiores no futuro, avaliam analistas. De certa forma, a empresa "tirou um esqueleto do armário" e este prejuízo no seu resultado financeiro do ano passado já era esperado pelo mercado financeiro.
Segundo a Petros, o dinheiro destinado pela Petrobras, que é a patrocinadora da fundação dos funcionários, não se tratou de um aporte de recursos, e sim de um incentivo financeiro pago aos participantes para que aceitassem uma repactuação nas regras do fundo. O incentivo foi oferecido no primeiro trimestre de 2007, para que os funcionários e os aposentados migrassem para uma nova forma de reajuste de seus benefícios.
Antes, os rendimentos dos aposentados eram corrigidos pelo mesmo índice aplicado à tabela dos funcionários da ativa. As regras atuais prevêem que os benefícios de aposentados e pensionistas sejam reajustados pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A migração foi aceita por 73% dos cerca de 80 mil participantes do fundo.
- A mudança foi importante para a empresa evitar possíveis déficits no futuro e para reduzir o risco atuarial da Petrobras. Já era esperado este impacto no balanço, mas a medida é positiva para o futuro da companhia - afirma Luiz Otávio Broad, analista da corretora Ágora.
Acordo com trabalhadores pode gerar nova despesa
Além do incentivo financeiro aos participantes, a Petrobras terá que arcar com um acordo firmado na Justiça com os funcionários que exige a compensação por dívidas passadas no fundo Petros. Segundo Paulo César Martin, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e membro do conselho deliberativo da Petros como representante eleito pelos trabalhadores, a empresa concordou em assumir parte dessas dívidas. O acordo, feito depois que os trabalhadores entraram com uma ação civil pública, ainda precisa de homologação da Justiça.
- Vai ser uma nova despesa da Petrobras, não sabemos ainda de quanto. Porém, parte disso pode já ter sido contabilizado no balanço de 2007 - afirma Martin.
O conselheiro da Petros avalia que a mudança nas regras de reajuste vai resolver os problemas de instabilidade nos planos, que poderiam levar a rombos nas contas da fundação no futuro.