Título: Dilma é apresentada como a mãe do PAC
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Fonte: O Globo, 08/03/2008, Rio, p. 20

LULA NO RIO: Ministra-chefe da Casa Civil, possível candidata do PT à sucessão, vai para a frente do palanque

Presidente afirma, porém, ao discursar no Complexo do Alemão, que obras não têm qualquer caráter eleitoreiro

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cotada para ser candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, esteve ontem no centro das atenções da visita às favelas beneficiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Nos palanques montados no Morro do Alemão e na Favela da Rocinha, onde esteve acompanhado por ministros, deputados e senadores, o presidente apresentou Dilma como sendo a "mãe do PAC".

Apesar disso, Lula chegou a afirmar no Complexo do Alemão que as obras não teriam qualquer caráter eleitoreiro:

- Foi importante que nós não anunciássemos o PAC antes das eleições de 2006 porque, senão, vocês iriam ler, em manchete de jornais, que nós estaríamos lançando um programa apenas com interesse eleitoral. Deus é tão justo que abriu minha consciência para começar essa obra do PAC exatamente no momento em que eu não disputo mais eleições no Brasil. O mandato termina em 2010.

Dilma diz que recursos podem vir por medida provisória

No Alemão, Lula convidou Dilma Rousseff a chegar para a frente do palanque.

- A Dilma é uma espécie de mãe do PAC. É ela que cuida, acompanha e vai cobrar junto com o Márcio Fortes (ministro das Cidades) se as obras estão ou não andando - disse.

O papel da ministra também foi ressaltado na Rocinha:

- A Dilma Rousseff é a responsável por toda a organização, pela determinação das prioridades e o controle nacional das obras do PAC.

Das autoridades federais, que foram aos eventos, apenas Dilma deu entrevista. Ela negou que, após os discursos de Lula, posa ser considerada candidata a presidente.

- Eu me considero a coordenadora do PAC - disse.

Dilma admitiu ter motivos para se preocupar com o andamento dos projetos do PAC em nível nacional. Um dos motivos é o fato de até agora o Congresso não ter votado o orçamento deste ano, limitando a capacidade de investimentos da União. Ela disse que o governo estuda editar uma Medida Provisória para liberar recursos para projetos, evitando assim que obras do PAC, incluindo as das favelas do Rio, corram risco de ser interrompidas por falta de recursos. Segundo a ministra, o governo pode esperar pela decisão do Congresso até a próxima semana:

- Já está ficando muito difícil de esperar. O PAC, se a gente não abrir o orçamento, vai ficar comprometido.

Dilma também foi citada por Lula em Manguinhos. Segundo o presidente, a ministra foi responsável pelos contatos no estado que garantiram as obras para a comunidade:

- Quando, em dezembro de 2006, a gente pensou em fazer o PAC, eu pedi para a ministra Dilma conversar com os companheiros do Rio de Janeiro.