Título: Brics seriam os últimos atingidos
Autor: Ribeiro, Fabiana; Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 08/03/2008, Economia, p. 40
Economista inglês diz que países da Europa sofrerão antes
Os países que fazem parte do bloco dos chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) devem ser o últimos afetados pelo desaquecimento da economia americana, segundo Willem Buiter, da London School of Economics, que participou do encontro anual do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), ontem no Rio. Para ele, depois dos EUA, o país mais afetado será a Inglaterra. Na seqüência, vêm: a Zona do Euro, o Leste Europeu, a Europa Central e, por último, os BRICs e os demais mercados emergentes.
Para William Rhodes, presidente do Citigroup, a economia americana terá recessão, já está, ou terá crescimento zero em até três trimestres.
O ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos, Armínio Fraga, disse que "a economia mundial está em alerta vermelho". Para ele, a América Latina pode ser atingida:
- Os preços das commodities estão subindo, mas deve haver uma mudança dos preços - disse Armínio.
Durante as discussões sobre as possibilidades de crescimento do setor bancário na América Latina, o consenso era de que o Brasil ainda poderá viver um boom imobiliário. Segundo o vice-presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles, os bancos privados respondem por apenas dois terços do crédito imobiliário no Brasil e os financiamentos para o segmento representam 2% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos em um país) brasileiro, 18% no Chile e 60% em Portugal e Espanha. O diretor de estratégias da divisão latino-americana do Santander, José Juan Ruiz, disse haver um forte déficit de financiamentos para o setor.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ser preciso dar liquidez ao segmento:
- Existe uma orquestração de condições para que a gente desenvolva, no Brasil, um mercado secundário (de venda desses títulos para terceiros) de hipotecas da mesma forma que os países desenvolvidos têm, mas sem os erros que eles cometeram. (Felipe Frisch e Juliana Rangel)