Título: Governo da Colômbia anuncia morte de outro menbro da cúpula das Farc
Autor:
Fonte: O Globo, 08/03/2008, O Mundo, p. 46

Iván Ríos, o mais jovem integrante do secretariado do grupo, foi assassinado por seu próprio chefe de segurança, que teria cortado a mão direita do guerrilheiro para provar sua identidade

BOGOTÁ. Iván Ríos, o mais jovem dos sete membros da cúpula das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), foi morto ontem em território colombiano, informou ontem o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. Segundo o ministro, Ríos, ou Manuel Jesús Muñoz, seu verdadeiro nome, foi morto pelo próprio chefe de segurança, que cortou sua mão direita e a entregou ao Exército para comprovar a identidade do líder guerrilheiro.

¿ Quero informar ao país e ao mundo que as Farc sofreram um novo golpe contundente com a morte de Manuel Jesús Muñoz, codinome Iván Ríos, outro membro do secretariado (a cúpula das Farc) ¿ disse Santos durante uma entrevista coletiva, acompanhado do alto comando militar.

A morte de Ríos, de 46 anos, foi a segunda de um membro da cúpula das Farc em menos de uma semana. No sábado passado, Raúl Reyes morreu durante uma operação militar em território equatoriano, o que provocou um grave crise diplomática na região.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos estava oferecendo US$5 milhões por informações que levassem à captura de Ríos. Segundo o ministro, o suposto chefe da segurança do líder rebelde entregou ontem a mão direita, o computador e a identidade de Ríos a uma unidade militar, afirmando que o havia matado na segunda-feira porque sentiam o cerco e estavam sob pressão de unidades militares.

Segundo o ministro, desde 17 de fevereiro as tropas iniciaram um cerco a Ríos no departamento de Caldas, orientadas por informes de inteligência sobre seu paradeiro. Desde aquela data, acrescentou Santos, lendo um comunicado, ocorreram sete combates entre tropas do Exército e rebeldes da Frente 47 das Farc.

¿ Durante essa operação, na noite de ontem (quinta-feira), na vereda Albania, município de Aguadas (a 180 quilômetros de Bogotá), Rojas, chefe de segurança de Iván Ríos, se apresentou diante das tropas que os haviam cercado ¿ disse o ministro.

Rojas, cujo verdadeiro nome não foi revelado, entregou ¿a mão direita, literalmente, a carteira de identidade, o passaporte e o computador pessoal de Iván Ríos¿, afirmou Santos. O ministro não disse se Rojas se entregou aos militares ou qual é o seu paradeiro atual.

¿ Segundo Rojas, Ríos foi morto há três dias. Ele acrescentou que com o gesto procurava aliviar a pressão militar a que estavam submetidos pelas tropas ¿ afirmou Santos, deixando a entender que o chefe de segurança de Ríos considerava que a morte do chefe rebelde poderia pôr fim às operações militares.

Ríos, que na juventude foi seminarista, era considerado um dos dirigentes mais próximos do fundador e líder máximo das Farc, Manuel Marulanda, conhecido como Tirofijo. O jovem rebelde comandava o bloco José María Córdova e foi o coordenador do chamado Comitê Temático, órgão que apoiou as frustradas negociações de paz entre a guerrilha e o governo do então presidente Andrés Pastrana.

Ontem, o ministro de Segurança do Equador, Gustavo Larrea, revelou que Ingrid Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia seqüestrada pelas Farc, seria libertada pela guerrilha nos ¿próximos dias¿. Além dela, três reféns americanos, quatro policiais e três militares colombianos também seriam soltos. A informação, no entanto, foi desmentida mais tarde na reunião do Grupo do Rio, que reuniu chefes de Estados de países da região, em Santo Domingo, República Dominicana.