Título: Vacinação ocorre sem pânico
Autor: Rodrigues, Gizella
Fonte: Correio Braziliense, 05/05/2009, Mundo, p. 19

O medo da gripe suína ainda não causou uma corrida aos postos de saúde e maior adesão à campanha de vacinação contra a gripe comum, que vai até sexta-feira. A quatro dias para o fim da mobilização, o Distrito Federal está abaixo da meta estipulada para a imunização em todo o Brasil, de 80% da população idosa ou 150 mil pessoas acima de 60 anos. Até o fim da tarde de ontem, menos de 75 mil pessoas tinham ido a um posto para se proteger contra a gripe comum, ou seja, 50% do público-alvo.

A subsecretária de Vigilância à Saúde, Disney Antezana, ressaltou que não há nenhuma comprovação de que a vacina contra a gripe seja plenamente eficiente contra o vírus H1N1. ¿Começou a se dizer que a vacina poderia ser uma proteção porque, até agora, ninguém com menos de um ano e maior que 60 anos foi infectado em todo o mundo. E essa é a faixa da população vacinada contra gripe comum¿, explicou Disney.

Nos postos de saúde do DF, a população ainda não demonstra preocupação com a doença que alarma o mundo. A comerciante Eleusa Ableim, 52 anos, tentou se vacinar contra a gripe comum no Hospital das Forças Armadas (HFA) ontem, mas os estoques de vacina tinham acabado no local. Ela se imunizou no Posto de Saúde 3, no Cruzeiro. No entanto, não acredita que a vacina do HFA acabou por causa do H1N1. ¿Acho que ainda não há perigo por aqui¿, disse. Apesar de estar fora da faixa etária recomendada para a vacinação contra gripe, Eleusa contou que se vacina todo ano. ¿Tenho alergia que pode virar gripe na época seca do inverno¿, explicou.

O aposentado Eugênio Teixeira da Silva, 70 anos, também ainda não vê motivos para pânico. Ele se imunizou ontem, como faz há 10 anos. Mesmo sem ter buscado a vacina por causa da gripe suína, Eugênio acredita que o medicamento pode ajudar a se proteger. ¿Acho que pode ter algum benefício. Mal não vai fazer.¿

Medo O temor de uma pandemia tem levado algumas pessoas desnecessariamente a hospitais da cidade. Isso porque os sintomas de uma gripe comum e dessa nova doença são parecidos. ¿Em Brasília há muitos órgãos com repartições onde trabalham estrangeiros e pessoas que viajam para países em que a gripe suína foi confirmada, então as pessoas que trabalham nesses lugares ficam preocupadas e procuram os hospitais¿, disse o chefe da unidade de Clínica Médica do Hospital Regional do Gama e especialista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bruno de Paula Coutinho.

No Hospital do Gama, por exemplo, houve aumento de 30% no número de atendimentos na área de Clínica Médica em abril deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. ¿A simples suspeita de uma gripe já tem levado muita gente a procurar o pronto-socorro. Há pessoas que comeram carne de porco e ficam assustadas, mas é bom lembrar que se a carne for bem cozida não há problema algum para o consumo¿, garantiu Coutinho.