Título: DF tem três suspeitas
Autor: Rodrigues, Gizella
Fonte: Correio Braziliense, 05/05/2009, Mundo, p. 19

Rapaz de 18 anos que deu entrada no Hran no fim de semana fez exames e é monitorado em sua residência

No dia em que o mundo viu o vírus H1N1 se espalhar por mais países do globo, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal reconheceu estar alerta a uma possível disseminação da gripe suína na capital federal. Mais um caso suspeito foi noticiado pelas autoridades de saúde ontem. Um rapaz de 18 anos, morador de Brasília, deu entrada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) no último domingo após sentir febre alta e tosse. Assim, ele é o terceiro paciente do DF que pode ter contraído o H1N1. O rapaz recebeu alta ontem e continuará sendo monitorado em casa. Os exames que podem confirmar a doença nos três possíveis contaminados devem ficar prontos sexta-feira.

Por enquanto, todos os casos suspeitos são de pessoas que estiveram em áreas afetadas, ou seja, não há registros da circulação do vírus no DF. A Secretaria de Saúde não informou detalhes das identidades dos pacientes, nem em quais países eles estiveram antes de sentirem os primeiros sintomas. A subsecretária de Vigilância à Saúde, Disney Antezana, porém, disse que dois deles estiveram na mesma região. O segundo caso suspeito também é de um morador da capital, de 46 anos, que esteve internado no Hran entre sábado e ontem, quando recebeu alta. A única ainda hospitalizada é Ana Hilda Aguiar, de um ano e sete meses, que estava de passagem por Brasília entre a Espanha e Rondônia e também foi levada para o Hran, quando o voo em que viajava fez escala na capital.

Tratamento Os pacientes liberados do hospital ainda não estão livres do tratamento. Eles precisam ficar sob cuidados especiais durante 10 dias, contados a partir do dia de surgimento dos primeiros sintomas. Assim, mesmo em casa, ficarão isolados, em quartos bem ventilados, e usarão máscaras. Os pacientes também se comprometeram a não sair ou receber visitas até que não haja mais risco de contágio. Os moradores da casa também deverão usar máscaras. ¿É o que chamamos de quarentena voluntária. Durante esse período, uma equipe vai telefonar para a casa deles todos os dias para saber da evolução da doença¿, explicou Disney.

As amostras das secreções da garganta dos três pacientes foram encaminhadas ontem para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e a Secretaria de Saúde espera ter os resultados em mãos na sexta-feira. A subsecretária de Vigilância à Saúde garantiu que não há perigo na alta dos dois homens sem a confirmação se é ou não gripe suína. ¿É possível hoje ter casos suspeitos domiciliados. O que importa é ter um isolamento dessas pessoas para evitar que, se for o vírus tipo A, ele seja disperso¿, ressaltou. Disney também explicou que o quadro de Ana Hilda está evoluindo bem e que ela deve ser liberada nos próximos dias. A menina está acompanhada da mãe, Viliane da Silva Aguiar, 24 anos. Viliane morava havia dois anos e meio em Barcelona e veio ao Brasil para visitar a família.

O DF também tem um caso em monitoramento, de um homem de 50 anos. Ele poderia ser um adido de Defesa do Canadá que estava internado no Hospital Naval de Salvador (BA) até o último sábado. O militar passou pelo México antes de ir a Salvador, onde realizava missão oficial para visitar quartéis da cidade. No entanto, ele mora em Brasília e foi trazido em um voo militar para a capital.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o aumento dos casos no DF segue a tendência do Brasil e do resto do mundo. ¿Brasília tem o terceiro aeroporto com maior movimento do país e as pessoas têm um deslocamento importante para áreas afetadas¿, justificou a subsecretária. Até o momento, o Hran é a unidade da rede pública autorizada a receber possíveis infectados pelo influenza A na cidade. A secretaria reservou quatro leitos e uma sala com ventilação específica para isolar os pacientes no hospital. Ontem, Disney afirmou que a estrutura poderá ser ampliada. ¿O Plano Distrital de Enfrentamento está sendo adequado no sentido de ver outros cenários. O Hran é referência, mas qualquer hospital poderia estar atendendo os pacientes¿, disse.