Título: Saraiva avança com a Siciliano
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 07/03/2008, Economia, p. 27

Livraria leva concorrente por R$60 milhões e passa a 99 lojas no país

SÃO PAULO. Um ano e meio depois do início das negociações, o grupo Saraiva anunciou a compra de 100% da Siciliano por R$60,030 milhões, consolidando a liderança absoluta do mercado livreiro do país. A transação, intermediada pela Pátria Investimentos, envolveu a parte da família do fundador (Pedro Siciliano) e os papéis em poder do Darby Overseas, fundo americano que em 1997 pagara US$25 milhões por 35% do capital.

A Saraiva comprou lojas próprias e franqueadas da Siciliano, bem como títulos editados, e adiantou que o negócio não afetará seu programa de prêmios. Concordou ainda em assumir uma dívida líquida de R$13,6 milhões. Segundo o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários, o valor da compra está sujeito a ajustes em eventuais variações da dívida e do capital de giro da Siciliano entre 30 de novembro de 2007 e a data da aquisição.

A Saraiva passa a ter 99 lojas em 12 estados (sendo 11 franquias) e faturamento anual acima de R$650 milhões. O presidente da empresa, Marcilio Pousada, disse que os recursos para a compra vieram do caixa da empresa, engrossado por uma captação feita em 2006.

¿ É um grande momento para a Saraiva ¿ disse Pousada, lembrando que a idéia é fortalecer acervo (de 1,5 milhão de itens) e atendimento.

Com faturamento de R$156 milhões em 2007, a Siciliano entrou para valer na mira da Saraiva em março do ano passado, e, em agosto, as negociações se tornaram oficiais. A Saraiva via na incorporação das 63 lojas da rival uma forma rápida de aumentar a presença no país, consolidar a liderança e fechar uma porta para as concorrentes.

Na Siciliano, o negócio pode representar uma trégua à guerra familiar que se agravou em 2000, quando Oswaldo Siciliano (filho do fundador) teve a primeira briga com a filha, Lígia, pelo controle da empresa. As acusações dividiram a família e foram parar na Justiça.

Fundada em 1928, a Siciliano não passava de uma pequena loja de venda de jornais e revistas. Em 1942, inaugurou a primeira loja especializada em livros no centro de São Paulo, que se tornou um embrião do que viria a ser uma das maiores redes de livraria do país. No fim dos anos 80, passou a editar livros infantis e literatura em geral, com nomes como Adélia Prado, Lya Luft, Danuza Leão e Rachel de Queiroz, que perdeu quando as dívidas e brigas começaram a se avolumar. A Saraiva foi criada em 1914 por Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva, um imigrante de Trás-os-Montes. O controle está com a família, mas há alguns fundos entre os sócios.