Título: Banqueiros dizem que AL está mais forte
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Fonte: O Globo, 07/03/2008, Economia, p. 29
Região teria melhores condições de enfrentar crise americana. BNDES prevê expansão de 5,5%
Os países emergentes, especialmente da América Latina, estão mais bem preparados para enfrentar uma eventual desaceleração mundial e poderão ajudar a sustentar a economia global nos próximos anos, no caso de um desaquecimento econômico dos Estados Unidos. Esta foi uma das principais conclusões tiradas no encontro anual do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), ontem no Rio. A entidade reúne mais de 370 empresas do setor financeiro em 65 países.
O IIF elevou estimativa de investimentos privados na América Latina em 2007, de US$620 bilhões, em outubro, para US$782 bilhões. E anunciou que, em 2008, o volume deverá ficar em US$731 bilhões, mesmo no caso de uma crise americana.
Segundo o presidente do Comitê Executivo do Deutsche Bank, Josef Ackerman, apesar da queda no valor dos investimentos, esta é uma quantia "formidável".
- É muito provável que a flexibilidade na economia dos países emergentes ajudará a apoiar o crescimento global neste ano. As forças da globalização e a busca de políticas econômicas consonantes entre muitos destes países estão provocando volumes recordes de fluxo de capital privado - disse.
Otimista, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, previu crescimento de 5,5% para a economia brasileira em 2008.
De acordo com as projeções do IIF, o Brasil deverá ficar com US$70 bilhões deste montante, contra US$79 bilhões no ano passado. O economista-chefe do IIF, Yusuke Horiguchi, explicou que a redução das previsões entre 2007 e 2008 não são um sinal ruim. Segundo ele, o ano passado é que foi "excepcional por causa do alto preço das commodities, de transações comerciais e da queda da taxa de juros nos Estados Unidos, que acabou atraindo investimentos para países emergentes.
- Além disso, houve volume alto de lançamentos de ações. E neste ano, pelo que estamos vendo nestes dois primeiros meses, prevemos um número um pouco menor - disse.
Já o presidente do Citigroup, William Rhodes, adotou um discurso mais pessimista. À frente de uma das instituições mais afetadas pela crise das hipotecas de alto risco nos EUA, ele afirmou que "o mundo está testemunhando uma longa correção de preços de ativos, que está longe de terminar". Segundo Rhodes, o impacto em diferentes economias dependerá da saúde de cada uma delas e das políticas implementadas para evitar o crescimento da inflação.
Para presidente do Citi, descolamento não existe
Apesar de negar a tese de descolamento dos EUA, ele elogiou a atuação do Banco Central e do Ministério da Fazenda no Brasil.
- Se houver uma desaceleração dos EUA, e problemas contínuos no setor de crédito, haverá efeitos na América Latina. Mas esta é uma região diferente. Houve progresso em políticas macroeconômicas, no acúmulo de reservas e no fortalecimento do sistema bancário - disse.