Título: Lula pede a Congresso que trabalhe
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 11/03/2008, O País, p. 8

Presidente pressiona por votação do Orçamento; parlamentares reagem

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a linha de frente da disputa política no Congresso para tentar aprovar esta semana o Orçamento da União. Ontem, em seu programa semanal de rádio, Lula fez dura cobrança aos parlamentares, sugerindo que deputados e senadores precisam trabalhar mais.

- Quero crer que os senadores e deputados têm responsabilidade com o Brasil tanto quanto eu. Não posso crer que apenas eu queira trabalhar, e eles, não. Que apenas eu queira fazer as obras, e eles, não. Estou convencido de que eles vão votar porque sabe a oposição e sabe a situação que o Brasil precisa do Orçamento. Não é o governo que precisa - disse Lula, que ontem à noite chamou os líderes governistas ao Planalto para discutir a votação. Hoje, em reunião do Conselho Político, cobrará empenho e votos.

O discurso contrariou até o presidente da Câmara, o petista Arlindo Chinaglia (SP). Ele lembrou que a Câmara ficou parada mais de dois meses, de novembro a dezembro, por obstrução do próprio governo. O Orçamento é votado em sessão conjunta da Câmara e do Senado:

- No fim do ano passado, a Câmara ficou dois meses praticamente parada porque o governo obstruiu os trabalhos. Porque, se votássemos alguma medida provisória, atrapalharia a votação da CPMF no Senado - disse Chinaglia.

O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), também reagiu:

- Acho que ele (Lula) deveria cobrar mais de suas lideranças no sentido de que se possa chegar a um acordo.

Em nota, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que "é feio e antidemocrático tentar colocar a opinião pública contra o Parlamento".

O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), também criticou a declaração de Lula:

- É mais um desrespeito ao Congresso. Se não estamos produzindo mais, é graças ao Executivo, que abusa das MPs para deixar o Parlamento dependente da sua própria agenda - afirmou ACM Neto.

O líder dos democratas disse acreditar que será possível votar o Orçamento amanhã, "se não houver nenhuma surpresa nova".