Título: Petrobras perde interesse na disputa por ativos da Exxon na Argentina
Autor: Ordoñez, Ramona; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 11/03/2008, Economia, p. 24

Empresa americana teria retirado filial local das negociações, diz jornal

RIO e BUENOS AIRES. A Petrobras não tem o menor interesse nos ativos da Exxon na Argentina. A garantia foi dada por um executivo da estatal que acompanha as negociações. Segundo a fonte, o interesse da Petrobras é apenas nos ativos da Exxon no Brasil e no Chile, porque, na Argentina, que adota um severo controle de preços dos combustíveis, a atividade de distribuição não tem rentabilidade.

Ontem, o jornal "Ambito Financiero", de Buenos Aires, divulgou que a Exxon teria decidido retirar sua filial argentina, que controla 10% do mercado local, da operação de venda de seus ativos na região (Brasil, Uruguai e Chile). De acordo com o jornal argentino, a Exxon teria optado por manter seus ativos no país, que incluem 90 postos de gasolina e uma refinaria.

Segundo versões extra-oficiais, confirmadas por fontes empresariais do país, o governo da presidente Cristina Fernández de Kirchner condicionou a venda dos ativos no mercado argentino à participação de um sócio local, como o grupo Eurnekian, que chegou a apresentar uma oferta pelos ativos da empresa ao banco JP Morgan, que comanda as negociações. Os obstáculos criados pelo governo Kirchner teriam levado a companhia petrolífera a excluir a Argentina da operação de venda.

Concentração de mercado é obstáculo para estatal

Uma das dificuldades que a Petrobras enfrenta para fechar o negócio com a Exxon é o fato de estar interessada apenas em parte de seus ativos na América Latina, e não em sua totalidade. Outros grupos têm apresentado propostas para adquirir todos os ativos da companhia.

A Petrobras enfrenta também um problema relacionado à forte concentração de suas atividades no Brasil. Hoje, a BR já é líder do mercado de combustíveis, com 34,% do total. Essa participação vai aumentar quando forem incorporados os postos da Ipiranga, que representam mais 4% do mercado. A empresa aguarda decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para incorporar os ativos.

A rede de postos da Esso no Brasil responde por 7,2% do mercado de distribuição de combustíveis. Segundo fontes, teriam enviado ao JP Morgan propostas de compra a Petrobras, o grupo Ultra-Ipiranga, a Shell, a distribuidora mineira Ale e os fundos GP Investimentos e Ashmore.