Título: Projeto de convocar o partido socialista
Autor: Moreno, Javier
Fonte: O Globo, 09/03/2008, O Mundo, p. 39
Todas as pesquisas feitas após o segundo debate com Zapatero lhe dão como perdedor...
MARIANO RAJOY: Nunca vi uma pesquisa que tenha me indicado como ganhador. Fiquei feliz porque marquei minhas posições sobre os temas que considero mais importantes, como a política econômica, a política de imigração e a luta contra o terrorismo.
Quando se deu conta de que estava errado sobre a autoria do atentado de 11 de Março?
RAJOY: Num primeiro momento, acreditei, como todos, que havia sido o ETA. Agora, à vista dos acontecimentos, mudei de opinião. Só disse que achava que tinha sido o ETA porque, claro, não estava no governo.
Não tem nenhuma autocrítica por ter levantado tantas dúvidas sobre o que foi o pior atentado na Espanha?
RAJOY: Sinceramente, não levei esse tema ao Parlamento nunca. Nunca participei de nenhum debate sobre ele. No segundo debate, tive a sensação de que alguém queria voltar a ganhar as eleições com o 11 de Março.
Por que o senhor crê que o ETA rompeu a trégua?
RAJOY: O ETA não vai deixar de matar se não conseguir seus objetivos políticos máximos, que são a autodeterminação e a territorialidade, isto é, Navarra. Isso qualquer um sabe. Pelo visto, o senhor Zapatero não sabia e, afinal, parece que seu deu conta.
E o Iraque?
RAJOY: Já disse: eu não vou mandar tropas a lugar nenhum sem o acordo do Parlamento nacional.
Se o senhor ganhar as eleições, não terá maioria absoluta. Com quem fará pactos para a Presidência?
RAJOY: Primeiro chamarei o PSOE (partido de Zapatero). O senhor Zapatero disse que não formará governo se não ganhar a eleição, eu digo o mesmo. Portanto, chamo o PSOE. Para nos abstermos do debate.
Imigração. ¿Não cabemos¿, o senhor disse. O que quis dizer?
RAJOY: Que há que se pôr ordem e controle. Nos últimos anos, entrou mais gente na Espanha que na Alemanha, na França e no Reino Unido juntos. Logo se fala de xenofobia, mas isso afeta muita gente. Na hora de repartir os colégios, a saúde...
Qual a primeira medida para fazer frente à desaceleração econômica?
RAJOY: Falar com sindicatos e empresários, fazer um acordo. Faria um pacote de medidas antes do verão.
A União Européia nunca quis demarcar suas fronteiras. Crê que elas devem ser fixadas agora?
RAJOY: Sim.
Antes ou depois da Turquia?
RAJOY: Não sei. A UE impôs metas à Turquia. Se não as cumpre, não entra. Mas se cumpre, por que não entrar?
Quais serão as prioridades na política externa?
RAJOY: Quanto à Europa, quando há uma crise econômica, são chamadas Itália, França e Alemanha. A Espanha fica de fora. Perdemos peso na Europa. Há que se defender os interesses espanhóis. É ridículo que haja um presidente de uma nação como a nossa que não tenha falado nem sequer por telefone com o presidente dos Estados Unidos em quatro anos.
Se ganhar, pedirá imediatamente um encontro com Bush?
RAJOY: Não. Eu teria boa relação com quem fosse o presidente dos Estados Unidos.
Teve contato político com algum dirigente do governo venezuelano?
RAJOY: Não. Mas creio que terei que ter.
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