Título: CUT cobra de Lupi tratamento igual ao da Força
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 12/03/2008, O País, p. 5

Ministério do Trabalho agora é suspeito de favorecer central aliada.

BRASÍLIA. Critérios diferenciados usados pelo Ministério do Trabalho para anistiar a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) - de contrapartidas de R$17,8 milhões de convênios para qualificação profissional - levantaram novas suspeitas contra o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Desta vez, de ter beneficiado a central ligada a seu partido, a Força. O presidente da CUT, Arthur Henriques, estranhou o fato de o ministério ter exigido da sua central documentos não pedidos à Força.

Segundo reportagem de ontem da "Folha de S. Paulo", parecer da Secretaria de Políticas Públicas do Ministério do Trabalho, de dezembro de 2007, isentou a Força de comprovar a contrapartida para os R$15,5 milhões de convênios celebrados de 1999 a 2003. A parte da CUT foi de R$2,4 milhões. Uma investigação do Tribunal de Contas (TCU) achara irregularidades na comprovação das contrapartidas. As centrais ficaram inadimplentes com o governo. Com o perdão, voltaram a poder requerer novos contratos.

Secretaria diz que ministério usou critérios distintos

Só que, segundo a secretaria, o ministério usou critérios distintos para analisar os processos: a CUT foi obrigada a apresentar 13 pastas com notas fiscais, para provar que cumpriu a contrapartida de 10%, oferecendo a estrutura de prédio, energia, papel e material de escritório. Já a Força não apresentou nota alguma. O Ministério do Trabalho, já na gestão Lula, se limitou a, por amostragem, visitar alguns prédios de sindicatos que teriam cedido as instalações para os cursos, sem cobrar aluguel como contrapartida.

- É estranho, porque no nosso caso foi exigido que apresentássemos notas comprovando que estávamos oferecendo a estrutura da CUT para a realização dos cursos. Por que a Força não teve que apresentar os mesmos documentos, não sei. Foi exigência do TCU - disse Henriques.

O sindicalista reclamou do tratamento de Lupi às centrais:

- Quando o ministro era o Marinho (do PT), dizíamos que ele tinha que ouvir todas as centrais, sem distinção. Ele não estava lá representando a CUT, como o Lupi não está representando a Força. Ele é da base e tem que seguir a orientação do governo. Temos cobrado dele uma posição de Estado.

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, disse que a Força seguiu o mesmo caminho de outras entidades para sair do cadastro de inadimplentes. O Ministério do Trabalho não comentou o assunto.