Título: Mais sete espanhóis são mandados de volta
Autor: Merola, Ediane
Fonte: O Globo, 12/03/2008, O País, p. 11

Seis homens vinham trabalhar no Rio sem visto, e mulher não tinha dinheiro nem hospedagem; PF nega retaliação

Sete espanhóis foram mandados de volta a seu país segunda-feira à noite, poucas horas depois de desembarcarem no Rio, no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Entre eles havia uma mulher de 27 anos, que estava sem dinheiro e não soube informar o endereço onde ficaria hospedada. Os outros eram homens, com idades entre 38 e 46 anos, que viriam prestar serviço temporário numa empresa, mas não tinham visto de trabalho.

Segundo a PF, o repatriamento foi um procedimento de rotina, não motivado pela expulsão de brasileiros em Madri, embora o governo tenha ameaçado usar o princípio da reciprocidade. Em Salvador, 14 foram repatriados nos últimos dias.

Além dos espanhóis, que desembarcaram no Rio vindos de Madri num vôo da Iberia, outras três pessoas foram repatriadas na segunda-feira, ao chegarem ao Tom Jobim: dois americanos, um deles com o visto vencido e o outro sem passaporte, que estavam em vôos da Delta e da Continental; e uma portuguesa que viajava pela TAP e teve que voltar para casa porque estava com o visto de trabalho vencido.

De acordo com o delegado Paulo Falcão, chefe da delegacia do aeroporto, quem chega à cidade e não cumpre as exigências da legislação brasileira é automaticamente expulso, geralmente no mesmo vôo em que chegou ao Rio:

- Não se trata de retaliação. Aqui não temos salinhas onde os estrangeiros ficam confinados. Eles chegam e, se não cumprirem as exigências, voltam no mesmo vôo em que vieram. Geralmente o avião que pousa aqui volta para seu local de origem.

Segundo o delegado, entre os problemas que podem levar à deportação estão a não apresentação do bilhete de volta ao país de origem, a indefinição quanto ao local de hospedagem, a falta de dinheiro para cobrir as despesas da viagem e a falta de visto, no caso de quem pretende trabalhar na cidade.

- Não temos uma estatística, mas umas quatro pessoas devem ser deportadas por dia aqui no Rio. Esse é um trabalho de rotina, não estamos seguindo qualquer nova determinação - disse o delegado.

Falcão contou que, recentemente, dois senegaleses que tentaram entrar no país foram deportados, pois estavam com pouco dinheiro em espécie (cerca de R$1 mil) e só apresentaram um comprovante de reserva pela internet, num hotel cinco estrelas. O pagamento seria feito no Rio, mas o cartão de crédito de um deles estava com a data de validade adulterada.

Presidente Lula conversará com Zapatero sobre situação

Espanhóis que vêm ao Brasil a passeio ou a negócios não têm que apresentar visto. Mas, se a viagem é de trabalho, precisam de autorização para entrar no país. Falcão explica que, em alguns casos, se o estrangeiro tem parentes no país e se vem fazer algum tipo de trabalho que interessa ao país, é possível conceder a ele um desembarque condicional, que lhe permite ficar na cidade durante oito dias.

Anteontem, o presidente Lula disse que vai conversar por telefone com o presidente do governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, sobre a situação dos brasileiros que foram detidos no aeroporto de Madri e impedidos de entrar naquele país, semana passada. No grupo barrado havia dois alunos de mestrado do Iuperj que estavam em trânsito para Lisboa, onde participariam de congresso.