Título: Lula chama críticos do Bolsa Família de elite cética
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/03/2008, O País, p. 9

Presidente diz que programa virou referência mundial e só acabará quando "as pessoas não precisarem mais".

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Numa cerimônia para exaltar os quatro anos do Ministério do Desenvolvimento Social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que, apesar das críticas da elite - que chamou de preconceituosa e cética -, o Bolsa Família só acabará quando as pessoas não precisarem mais do programa. Lula prometeu que em 2010 o Brasil estará melhor do que em qualquer outro momento.

Segundo ele, o Bolsa Família começou desacreditado pelos adversários e se tornou referência mundial. Ele agradeceu a lealdade do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, um dos cotados para ser candidato em 2010.

- O grande adversário do ministério e dos programas foi enfrentar o preconceito, o preconceito cultural, arraigado na cabeça de parte da elite brasileira, que acha que tudo o que a gente dá para ela é investimento e tudo o que a gente dá para os pobres é gasto. (A elite) Não tem dimensão cultural para fazer uma inflexão e perceber que o que investimentos em políticas sociais significam um investimento tão importante quanto qualquer outro - disse Lula.

E seguiu:

- Vamos fazer com que o Bolsa Família vá deixando de atender 11 milhões de pessoas. Não porque a gente vá atender aqueles preconceituosos que querem que a gente acabe com o programa. É porque as pessoas vão arrumando emprego e vão deixando o Bolsa Família porque não precisam mais.

Lula disse que, ao melhorarem de vida, os mais pobres passam à condição de novos consumidores.

- É importante lembrar para esses céticos que parte do sucesso da economia brasileira está subordinada à questão do crescimento do mercado interno. Os pobres estão comendo mais, vestindo mais.

Lula não esconde tratamento especial dado a Patrus

Lula agradeceu a lealdade de Patrus e não escondeu que o ministro estava tendo tratamento especial:

- Espero que outros ministros não queiram fazer aniversários de seus ministérios, porque são mais de 30. Senão, vou passar o ano inteiro em aniversários.

E seguiu:

- O único momento da história deste país em que o pobre tinha valor era no dia da eleição, porque não tem distinção entre pobre e rico, todo mundo está na fila para votar. Vocês nunca viram um político falar mal de pobre em campanha. Só fala mal de rico. Não tem político que não critique banqueiros, usineiros, fazendeiros e grandes empresários. Agora, quando ganha as eleições, quem almoça com ele? Não é o pobre, muito menos as pessoas do Bolsa Família. Durante muito tempo, os pobres foram utilizados como massa de manobra. Queremos acabar com isso - disse Lula, aplaudido por mais de 1.300 pessoas.

E acrescentou, na mesma linha religiosa de Patrus:

- O que foi feito de milagre, Patrus, foi isso. As pessoas se descobriram para este país, e o país descobriu estas pessoas.