Título: Brasil é o 10º, mas Rússia ameaça este ano
Autor: D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 13/03/2008, Economia, p. 28

PIBÃO EM DIA DE PACOTINHO: Na lista das economias que mais cresceram, avanço de 5,4% fez país saltar 46 posições

Índia também se aproxima. Entre os grandes emergentes do Brics, expansão brasileira em 2007 foi a menor

SÃO PAULO e RIO. A aceleração do PIB brasileiro em 2007 não deve mudar a posição que o país ocupa no ranking das maiores economias do mundo. O país vai continuar na décima posição, mas com a economia da Rússia muito próxima de ultrapassá-lo. No ano passado, o PIB do Brasil somou US$1,24 trilhão, contra US$1,223 do PIB russo. Os números são do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, têm como base os dados divulgados ontem pelo IBGE e, no caso da Rússia, informações preliminares compiladas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Mesmo que repita a boa performance de 2007, avalia o economista, o país dificilmente sustentará sua posição no ranking.

- O Brasil está muito próximo de perder a décima colocação para a Rússia, fato que deve ocorrer este ano, quando o crescimento da economia e também da inflação na Rússia será maior que no Brasil - afirma ele.

Brasil foi o 86º em ritmo de expansão do PIB

Em 2007, pelo levantamento da Austin, entre os dez primeiros colocados do ranking houve apenas uma mudança de posição: a Espanha, com PIB de US$1,41 trilhão, saiu do nono para o oitavo posto, passando o Canadá, cujo PIB somou US$1,40 trilhão.

Das quatro grandes economias emergentes com maior potencial de crescimento, os chamados Brics, a China mantém larga vantagem sobre Brasil, Rússia e Índia. Com PIB de cerca de US$3,24 trilhões, a economia chinesa está prestes a deixar a quarta posição e desbancar a Alemanha da terceira. E, como a Rússia, a Índia se aproxima rapidamente do Brasil: encerrou 2007 com PIB de US$1,08 trilhão.

Na lista das economias que mais cresceram, o avanço de 5,4% do PIB em 2007 permitiu ao Brasil saltar 46 posições, passando da 129ª, em 2006, para a 83ª, conforme ranking também elaborado pela Austin Rating com base em dados do FMI. O país, porém, continuou na lanterna entre seus pares do Brics.

A economia chinesa, com expansão de 11,5%, continuou imbatível. O PIB indiano avançou 8,4%, em compasso com o russo, que cresceu 8,1%.

Mesmo que venha a perder o posto entre as dez maiores economias do planeta, Agostini entende que o Brasil deve se beneficiar do novo patamar de crescimento alcançado pelo PIB.

- O país entrou numa rota mais atraente do ponto de vista dos investimentos. Com a economia crescendo mais, diminuem os riscos de se investir no país.

Se corre o risco de perder lugar para a Rússia nos próximos anos, o Brasil poderá, porém, ultrapassar a Espanha e o Canadá em termos de valor do PIB. Mas o efeito câmbio, nesta comparação, tem peso maior do que o crescimento da economia brasileira, alerta Jason Vieira, economista-chefe da consultoria UpTrend.

- Pela questão cambial, quando saírem os dados definitivos, é possível que o Brasil supere a Espanha. Mas isso não significa que tenhamos uma economia melhor do que a espanhola. Era de se esperar, pelas nossas dimensões continentais, que o Brasil ultrapassasse a Espanha. E o real foi uma das moedas que mais se valorizou no mundo nos últimos meses.

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