Título: Investimento 13% maior é recorde e aumenta há 42 meses acima do PIB
Autor: Almeida, Cássia; Schreiber, Mariana
Fonte: O Globo, 13/03/2008, Economia, p. 31

PIBÃO EM DIA DE PACOTINHO: Empresas comemoram aumento de faturamento.

Dos R$449,5 bilhões para capacidade produtiva, maioria foi para máquinas.

Há quatro anos em expansão, o investimento teve em 2007 seu melhor desempenho desde 1996, de acordo com as contas nacionais divulgadas pelo IBGE. Aumentou 13,4% a formação bruta de capital fixo, puxando o desempenho da economia, juntamente com o consumo das famílias. O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, disse que os investimentos crescem num ritmo superior à média da economia há 42 meses seguidos, ou 14 trimestres:

- Isso dá sustentabilidade à expansão do PIB.

E a maior parte dos R$449,5 bilhões destinados a aumentar a capacidade produtiva do país foi para a compra de máquinas e equipamentos, que subiu 19,3% no ano. A construção civil, que tem peso de 40% no investimento, também teve desempenho positivo: 5,1%.

- A queda da taxa Selic (baixou de uma média de 15,1% em 2006 para 11,9% ao ano em 2007) e o aumento de 27,1% no crédito para as empresas ajudam a explicar esse desempenho - disse Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE.

Ernani Torres, superintendente da área de pesquisa do BNDES, vê uma mudança no perfil dos investimentos. Olhando os desembolsos do banco, percebeu que a indústria liderava o movimento em 2006, contraindo R$30 bilhões até fevereiro de 2007:

- Agora, a liderança está vindo da infra-estrutura. Alcançou R$26,8 bilhões em dezembro de 2007. Mostra a sustentabilidade do crescimento.

Mas o investimento público ainda é bem tímido na economia, e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não aparecem nas contas nacionais no ano passado. Segundo Luciana de Sá, da Firjan, o setor público representou apenas 0,9% do investimento total.

Consultoria: investimento pode até aumentar este ano

Impulsionada pela alta do consumo doméstico, a rede de produtos para copa e cozinha Tutto per la Casa abriu duas lojas no Rio em 2007, depois de dez anos sem expansão. A empresa aumentou em 40% o número de funcionários.

- Depois de uma década crescendo no máximo 5%, o faturamento aumentou 15% ano passado - comemorou Karina Kieffer, sócia da empresa.

Com a boa oferta de crédito, a Carvalhão, empresa de logística e aluguel de guindastes, fez altos investimentos em maquinário em 2007. Importou dois guindastes por R$6,4 milhões e oito empilhadeiras por R$700 mil, além comprar, no mercado nacional, dez carretas por R$2,5 milhões. O faturamento, que costuma crescer 10% ao ano, aumentou 25%. O dono da empresa, Silvio Carvalho, afirma que o investimento foi necessário para atender à demanda interna, que continuará forte:

- O Rio não cresce assim há muito tempo. A construção está muito aquecida e há grandes investimentos, como a a Companhia Siderúrgica do Atlântico, o Complexo Petroquímico e o Arco Rodoviário Metropolitano.

Após investir R$80 mil em 2006, a agência de publicidade 11|21 gastou R$200 mil em tecnologia e contratação de pessoal em 2007. Segundo o sócio Gustavo Bastos, é uma resposta ao consumo maior no país:

- O negócio publicitário é um termômetro. Quando a economia vai bem e as pessoas compram mais, imediatamente nossos ganhos aumentam.

A LCA Consultores prevê que, em 2008, os investimentos irão repetir ou até superar a expansão de 13,4% de 2007.