Título: Amorim: não há diálogo com guerrilha
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 13/03/2008, O Mundo, p. 39

Pressionado no Senado, chanceler defende posição brasileira durante crise.

BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, descartou totalmente ontem a possibilidade de o governo brasileiro estabelecer um canal de comunicação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) até que os guerrilheiros libertem todos os seqüestrados em seu poder. Questionado e provocado por vários senadores da oposição durante reunião na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler disse que o governo condena os atos terroristas das Farc e jamais demonstrou qualquer tipo de apoio ao grupo.

- Não sou a favor de diálogo político com as Farc. Primeiro, eles têm que libertar todos os seqüestrados. Pode ser num outro momento - disse Amorim. - Não há no governo tolerância com seqüestro, terrorismo e narcotráfico. O presidente Lula já condenou esses seqüestros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Segundo assessores, Lula parabenizou Chávez por seu comportamento no encontro do Grupo do Rio, em Santo Domingo (República Dominicana), quando o venezuelano se reaproximou do colombiano Alvaro Uribe. Na conversa, Chávez disse a Lula que sua relação com a Colômbia estava normalizada. O petista disse que essa retomada do diálogo é importante porque passa ao mundo uma imagem de tranqüilidade na região.

Senadores criticam postura brasileira durante a crise

Vários senadores criticaram a postura do governo brasileiro quando a Colômbia invadiu o Equador, no início de março, para atacar integrantes das Farc. Eles cobraram do chanceler uma posição de condenação do Brasil ao Equador por não coibir e ser conivente com a presença das Farc em seu território.

- O Brasil está devendo uma posição de condenação completa. Por que não se pronunciou contra as Farc e somente contra a Colômbia? A posição brasileira foi tímida e acanhada. As Farc são uma organização criminosa e perniciosa - disse o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Os senadores também condenaram declarações do assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que teria afirmado em entrevista recente a um jornal francês que o Brasil tem uma posição neutra em relação às Farc.

COLABOROU Cristiane Jungblut