Título: Brasileira no caminho de Spitzer
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 14/03/2008, O Mundo, p. 28

Condenada por prostituição, capixaba foi informante do FBI e ajudou a incriminar governador.

Uma brasileira serviu de informante para o FBI (a policia federal americana) sobre o envolvimento do governador Eliot Spitzer com a rede de prostituição do Emperor's Club Vip. Andreia Schwartz, que foi condenada por porte de drogas e prostituição, confessou ter trabalhado no Emperor's Club e teve tanto sucesso que chegou a abrir o seu próprio negócio, num apartamento da Rua 58, onde passou a agenciar outras garotas de programa. Entre seus clientes, estava Wayne Pace, chefe do departamento financeiro da Time Warner.

Andreia, de 31 anos, foi presa por um policial que se passou por cliente em junho de 2006, acusada de comandar um negócio de prostituição em Nova York. Ela explorava outras brasileiras, que levava aos EUA para curta temporada de trabalho, em seu luxuoso apartamento nas proximidades do Central Park. Andreia cobrava de US$700 a US$1.500 por uma hora com as garotas, embolsando metade da tarifa. Quando ela própria era a preferida por um cliente, o preço subia para US$2 mil, segundo as investigações. A polícia disse que ela teria faturado US$1,5 milhão. Após ser presa, ela reconheceu sua culpa e fez acordo com os promotores para esperar o processo de deportação em liberdade. Em troca, ela passaria a prestar informações ao FBI sobre os clientes dos serviços de prostituição para os quais havia trabalhado. Entre eles, estava o clube freqüentado por Spitzer. A brasileira recebeu sua sentença de deportação no dia 5 de março, mas a volta ao Brasil foi adiada devido às investigações do caso Spitzer.

Andreia disse ao FBI que não conhecia o ex-governador de Nova York e que nem sabia que ele freqüentava o clube, mas foi por meio dos documentos bancários que ela apresentou aos investigadores que as contas do Emperor's Club começaram a ser rastreadas. Durante o período em que trabalhou para o clube freqüentado por Spitzer, a brasileira recebia seu pagamento por meio de uma empresa registrada pelo nome QAT Consulting e foi investigando as contas da QAT Consulting que os policiais federais descobriram que este era um outro nome fantasia usado pelo mesmo grupo que operava o Emperor's Vip Club. Foi então que Andreia se tornou fonte também para o modo como trabalhavam as garotas de programa do serviço online de prostituição.

¿ Estamos acompanhando o caso ¿ disse Davino de Sena, secretário do consulado brasileiro em Nova York, acrescentando que ela teria sido condenada a um ano e meio de prisão.

Segundo o consulado, Andreia está incomunicável, sob a guarda do serviço de imigração de Nova York. A participação da brasileira no processo contra o governador será limitada aos depoimentos que prestou em relação ao seu próprio caso e aos documentos que ajudaram os investigadores a fazer o rastreamento financeiro do clube de prostituição. Com um grupo de italianos, ela estaria investindo na compra de um andar inteiro no prédio onde funcionava o Hotel Plaza, que está sendo reformado para se tornar um condomínio de luxo. O investimento seria de US$350 milhões, mas o advogado de Andreia, Anthony Lombardino, nega a operação.

Outras duas brasileiras que trabalhavam com Andreia também foram presas. Marta Nobrega, de 37 anos, e Cláudia de Castro, de 25, tinham entrado nos EUA com visto de turista, e serão deportadas após cumprir um ano de prisão por prostituição, se forem condenadas. A única sentença que saiu atá agora foi a de Andreia, que volta para o Brasil nesta sexta-feira. Sua mãe, Elsa Dias, que vive em Vila Velha, no Espírito Santo, disse que não vê a filha há dois anos.

COLABOROU Sérgio Meirelles, do Extra