Título: Arquivos revelam guerra interna das Farc
Autor: Oliveira, Eliane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 14/03/2008, O Mundo, p. 29

Guerrilha teria executado 200 em 2 anos.

Do El Tiempo

BOGOTÁ. Dados recuperados do computador pessoal de Iván Ríos - o membro do secretariado das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assassinado pelo próprio segurança na semana passada - revelam o rigor e as rusgas internas do grupo guerrilheiro. Entre 2005 e 2007, ocorreram mais de 200 justiçamentos (julgamentos seguidos de execução sumária) de rebeldes suspeitos de serem infiltrados do Exército ou de paramilitares.

"Cinqüenta e um votos a favor da pena máxima". Esta é a anotação que aparece no fim de um relatório escrito por Ríos, como encerramento do caso "Luzdary", guerrilheira da frente 47 que, segundo anotações do líder das Farc, era "infiltrada de Ramón Isaza", um chefe paramilitar. A informação estava no computador que Rojas, o guerrilheiro que matou Ríos, entregou ao Exército. Segundo ele, entre 2005 e 2007, Ríos autorizou 200 justiçamentos de guerrilheiros sob seu comando em Antioquia e Caldas.

Em cada relatório de seus conselhos de guerra havia o nome do réu e dados sobre o "juiz" designado pelos guerrilheiros, o "secretário" e os "jurados". No fim, são revelados os resultados das votações, que quase sempre terminam com a condenação do réu.

Esta prova coincide com o testemunho dado por Rojas, que descreve Ríos como um homem implacável. Inclusive foi esta característica um dos elementos que fundamentaram sua decisão de matá-lo a sangue frio e, em seguida, cortar sua mão direita. Embora a informação básica do computador, três discos rígidos e os USBs entregues por Rojas já tenham revelado dezenas de segredos, entre eles pelo menos 300 registros de operações de guerra e planos para atentados em várias cidades, os investigadores ainda não conseguiram decodificar os arquivos protegidos por senhas especiais.