Título: Controle reforçado nos aeroportos
Autor: Couto, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 01/05/2009, Mundo, p. 16

Medidas preventivas são estendidas a todos os voos internacionais que chegam ao país. Casos suspeitos sobem para quatro e outros 42 pacientes estão sob observação. Viajante desembarca com máscara descartável no Rio de Janeiro: agentes da Anvisa entrevistam quem apresente sintomas de gripe Mesmo sem a confirmação de nenhum caso de gripe suína no Brasil, o governo federal mantém a estratégia da prevenção e estendeu desde ontem a todos os 800 voos internacionais que chegam diariamente ao país os procedimentos adotados desde o início da semana para os países onde já foi atestada a presença do vírus H1N1. As medidas incluem intensificação da vigilância em passageiros que desembarcam com algum sintoma da doença e mais rigor nas normas de limpeza dos aviões. Antes da elevação do nível internacional de emergência de 4 para 5, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rastreava apenas as aeronaves procedentes do México, Canadá e Estados Unidos. A norma passa a valer também para as embarcações que chegam ao Brasil. À tarde, o Ministério da Saúde informou que o país tem agora quatro casos considerados suspeitos ¿ três em Minas Gerais e um em São Paulo ¿ e 42 em observação.

A Anvisa estendeu as precauções às rotas nacionais que transportam passageiros que fazem conexão para o exterior. ¿Apesar de não ter sido identificado nenhum caso em Brasília, decidimos intensificar a vigilância nas rotas nacionais que integram conexões com todos os países¿, afirmou José de Lima Dias, coordenador da Anvisa no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. ¿Qualquer passageiro proveniente dessas rotas e com alguns sintomas da gripe suína é entrevistado pelos técnicos da Anvisa. A higienização das aeronaves também está mais rigorosa. Os auxiliares de limpeza usam luvas, máscaras e sapatilhas¿, observou Dias.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve o tom confiante e afirmou que o governo brasileiro está trabalhando para que a gripe suína não chegue. Ele espera que a doença fique concentrada no México e nos Estados Unidos. ¿Nós temos tomado todos os cuidados para evitar que essa gripe chegue ao Brasil. Não sabemos se vai chegar. Até agora, o Brasil não tem nenhum caso constatado¿, insistiu.

Apesar da crise financeira internacional e da queda de arrecadação, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, garantiu que a equipe econômica acompanha de perto a situação e, se for necessário, fará ajustes no Orçamento de 2009 para atender às demandas do Ministério da Saúde. ¿Se surgir problema, vamos arrumar dinheiro, vamos dar um jeito. Não sei se por melhora na receita ou se vamos cortar dinheiro de outra área. Não vamos vacilar: há um estado de alerta e de vigilância. Nós não temos concretamente nada, mas estamos em alerta¿, destacou. Bernardo lembrou que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não formalizou pedido de recursos suplementares.

Diagnóstico O Brasil, como a maioria dos países, só tem condições de identificar a presença do vírus influenza (gripe comum) e o tipo do vírus (A, B ou C), mas não para distinguir o subtipo causador da novo tipo de gripe e a cepa. Hoje, os exames nacionais são feitos por eliminação de hipótese, o que ainda não garante a confirmação da gripe suína. ¿Sem o sequenciamento genético, os reagentes e as amostras do vírus, não vamos confirmar nenhum caso¿, explicou Eduardo Hage, diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. Segundo Hage, o sequenciamento genético só foi disponibilizado ontem, devido a um erro do Centro de Controle de Doenças, dos EUA. ¿Mas no máximo em 10 dias teremos plenas condições de realizar o exame.¿