Título: Controvérsia sob os olhares atentos da UE
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 16/03/2008, O Mundo, p. 36
Opositores e partidários da entrada da Turquia no bloco acompanham o oscilar do pêndulo entre secularismo e religião.
ISTAMBUL. Em meio ao debate sobre o equilíbrio entre secularismo e religião na Turquia há algo mais que a preocupação com princípios. A situação do país está sendo acompanhada com atenção pela União Européia (UE), bloco com o qual o país iniciou processo formal de adesão em outubro de 2005.
O assunto tem dividido opiniões entre os 27 países-membros do grupo, e o fato de a Turquia ser um país majoritariamente muçulmano parece ser uma das razões centrais para os opositores à sua entrada na UE ¿ ainda que extra-oficialmente.
Há uma série de argumentos mais explícitos, porém. Para começar, a questão do Chipre. Os turcos invadiram a região norte da ilha em 1974 e proclamaram uma independência só reconhecida por Ancara e que isolou a região do mundo, enquanto a parte sob influência da Grécia foi incorporada à UE em 2004. A UE já deixou claro que a abertura de portos e aeroportos para o Chipre é uma da condições que poderá determinar o desfecho do caso da Turquia.
Reformas também são exigência
O país também precisa atender a uma série de reformas econômicas e políticas, que incluem maior compromisso com a democratização e combate ao desemprego. Há, porém, o temor de que a entrada turca na UE resulte numa imensa onda migratória, sem falar que as regras atuais dariam ao país bastante poder de barganha no Parlamento europeu por causa do tamanho de sua população ¿ 72,6 milhões, maior que as de Reino Unido e França, por exemplo. Isso daria ao país o segundo maior número de cadeiras, atrás apenas da Alemanha.