Título: Marta disputará prefeitura de São Paulo
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 15/03/2008, O País, p. 3

BRASÍLIA e SALVADOR. Apesar da negativa oficial, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, confirmou ontem a aliados que já bateu o martelo em torno de sua candidatura à prefeitura de São Paulo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por estratégia política, a ordem é adiar ao máximo o anúncio da candidatura. O plano de adiar até a data limite a saída do ministério - 4 de junho - tem dois motivos: evitar o desgaste natural da disputa e, principalmente, deixar que o foco continue na briga interna do PSDB em torno dos nomes de Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). A expectativa no PT é que o atrito entre os dois favoreça Marta.

Em conversa com aliados, Marta considerou a candidatura inevitável, para o bem ou para o mal. A chance de ser candidata à sucessão de Lula, em 2010, estaria vinculada a um bom desempenho na eleição municipal. Integrantes do PT avaliam que uma vitória em São Paulo fortalece o partido na negociação com aliados.

Em Salvador, onde acompanhou a visita da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, a petista adotou tom cauteloso. Não desmentiu, mas se recusou a revelar detalhes da negociação com Lula.

- Foi uma conversa privada, vou falar no momento oportuno. Até 5 de junho, temos tempo - disse, numa referência ao prazo imposto pela Lei Eleitoral.

Lula considera que Marta é o único nome do PT capaz de enfrentar as candidaturas de Alckmin e Kassab. E reconhece que, se Marta ganhar a eleição, a sucessão de 2010, no PT, vai depender muito dela. Com uma eventual vitória, a base petista pode deixar o próprio Lula numa situação mais difícil, engessado no poder de escolha. Se ela perder, Lula fica livre para escolher o candidato da sua preferência. Apesar das restrições a Marta, Lula avalia que não pode abrir mão da candidatura dela na estratégia de lançar candidatos fortes em capitais importantes.

Ontem, a ministra, perguntada sobre a estratégia da campanha e a importância do apoio do presidente, desconversou:

- Não disse que sou candidata, não falei do apoio do presidente e não estou confirmando nada do que você está dizendo.

Mais tarde, em São Paulo, a ministra amenizou o tom:

- É uma decisão difícil, porque amo minha cidade, e o trabalho no ministério é produtivo. O presidente entende e vai me apoiar em qualquer decisão.

* Enviado especial