Título: Força-tarefa tenta reduzir casos de tuberculose
Autor: Mendes, Taís
Fonte: O Globo, 18/03/2008, O País, p. 9

Brasil é um dos países do mundo com maior notificação da doença; objetivo é antecipar metas de redução

O Ministério da Saúde formou uma força-tarefa para tentar antecipar o cumprimento das metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a tuberculose. O Brasil é um dos países com mais casos de tuberculose no mundo. Segundo a OMS, 80% dos casos estão concentrados em 22 países, e o Brasil ocupa a 15 ª posição, com 80 mil novos casos notificados todos os anos, resultando em cerca de cinco mil óbitos. A meta do ministério é reduzir à metade o número de óbitos até 2010 e antecipar o cumprimento das metas da ONU de redução em 50% do número de novos casos até 2015.

Da força-tarefa surgiu o projeto Fundo Global Tuberculose Brasil, que reúne instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), secretarias estaduais e municipais de saúde, universidades e organizações da sociedade civil, além do Ministério da Saúde. O trabalho é concentrado nos 57 municípios brasileiros que, juntos, respondem por 45% dos casos notificados. São dez regiões metropolitanas e mais a cidade de Manaus, que só perde para o Rio de Janeiro em números de novos casos. As ações vão da capacitação de profissionais de saúde a melhorias nas instalações físicas de unidades de saúde.

Diagnóstico rápido ajuda a evitar a propagação

Para antecipar as metas, o Projeto Fundo Global Tuberculose Brasil lançará, no Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, 24 de março, uma campanha nacional de combate à doença. A campanha "Brasil Livre da Tuberculose" produziu um kit, com cartaz, postal, spot de rádio e folhetos explicativos para a população. Para os agentes comunitários, foi elaborado um álbum seriado com explicações didáticas. Desde o início de sua execução em 2007, com previsão para durar até 2012, o projeto já capacitou 706 profissionais de saúde, em 18 dos municípios. No Rio, foram 81 profissionais de 11 municípios da região metropolitana.

- É um bom começo. Contando com as oficinas e os workshops com a participação da sociedade civil, mobilizamos muita gente - avaliou Marcos Mandelli, coordenador de um dos núcleos executivos do projeto, sob responsabilidade da Fiocruz.

Unidades básicas foram reformadas para reduzir a exposição à doença dos profissionais de saúde. As mudanças visam a evitar também que haja transmissão nas próprias unidades de saúde. Além disso, o projeto prevê aumento da capacidade de diagnóstico e o fortalecimento do tratamento supervisionado, como formas de prevenção e de elevação do número de pacientes que fazem o tratamento até o final.

- Diagnóstico rápido e tratamento correto até o final são as principais formas de prevenção - afirmou o médico Miguel Ayub, coordenador técnico do Projeto.

Uma pessoa com tuberculose pode contaminar de dez a 15 pessoas por ano, se estiver sem o tratamento. Mas com o tratamento, de 15 a 30 dias, a doença deixa de ser transmitida.

- Quando o diagnóstico é mais rápido, é possível evitar a proliferação do bacilo - acrescentou o especialista Miguel Ayub.