Título: Dengue: estado pede ajuda às Forças Armadas
Autor: Machado, Vitor
Fonte: O Globo, 18/03/2008, Rio, p. 13

Idéia é que Exército, Marinha e Aeronáutica ofereçam leitos a doentes civis, mas resposta inicial foi negativa

O aumento do número de casos de dengue levou ontem a Secretaria estadual de Saúde e a Defesa Civil a pedir às Forças Armadas que ajudem no combate à doença, oferecendo leitos para a população civil. Na reunião com o secretário Sérgio Côrtes e o secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Gérson Penna, representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica negaram inicialmente o pedido, alegando que os leitos já estão ocupados por militares e seus dependentes com sintomas da doença. Na próxima semana, será dada uma resposta definitiva. Até lá, Côrtes e Penna anunciaram que 39 novos leitos devem ser oferecidos nos hospitais estaduais e federais no Rio.

Com a confirmação de mais casos suspeitos, o número de mortes por dengue este ano no município do Rio passou de 20 para 28 ontem. Restam agora 30 casos ainda sem confirmação. Do total de óbitos, 17 são de menores de 15 anos. O número de casos na capital já chega a 19.169 desde o início do ano.

A gravidade da situação fez o governador em exercício Luiz Fernando Pezão suspender o ponto facultativo de quinta-feira na rede estadual de saúde.

Na reunião com os militares, ficou acertada a inclusão de hospitais universitários na Central Estadual de Regulação de Leitos, no Iaserj. A central existe há um ano, mas há apenas dez dias é usada para direcionar pessoas com suspeita de dengue para leitos da rede estadual e federal. Ela evita que um diretor de hospital tenha que ligar para outras unidades em busca de vaga. A central tem 164 leitos destinados a pacientes com dengue, além dos 39 novos que foram anunciados.

Nos hospitais públicos, é necessária muita persistência para obter atendimento. Nos prontos-socorros cheios, a espera pode chegar a cinco horas.

- Passei a manhã inteira para conseguir atendimento para meu filho, de 6 anos - contou a desempregada Amanda Ferreira, de 31 anos, no Salgado Filho, no Méier.

No Hospital do Andaraí, com a emergência cheia, muitas mães optaram por esperar em frente à unidade.

- Já tentei atendimento sábado no Salgado Filho, mas estava cheio demais - contou Diana Mendes, de 21 anos, com a filha Vitória Regina, de 2, há três horas no colo.

No Rocha Faria, em Campo Grande, o atendimento demorava em média quatro horas.

A Secretaria municipal de Saúde informou que, apesar da demora, todos são atendidos.

O prefeito Cesar Maia disse que, se faltam leitos na rede municipal, isso é inadmissível. Ele afirmou que já deixou claro para a Secretaria de Saúde que qualquer esforço ou investimento está aprovado previamente, não importa o custo:

- Nós estamos reduzindo o espaço entre as camas e colocando mais leitos nas enfermarias. Estamos fazendo contratações, dando uma segunda jornada para os médicos desse tipo de atendimento.