Título: BCs anunciam socorro de mais US$14 bilhões
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Fonte: O Globo, 18/03/2008, Economia, p. 21

AMEAÇA GLOBAL: Bush diz que país está "vivendo tempos desafiadores", mas assegura que situação está sob controle

Montante foi ofertado por bancos centrais de Inglaterra e Japão. BC britânico deve injetar mais US$20 bi hoje

LONDRES, TÓQUIO e WASHINGTON. Os bancos centrais voltaram a injetar dinheiro no sistema financeiro ontem para assegurar liquidez ao mercado. Desta vez o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ficou de fora. A ajuda veio do Banco da Inglaterra, com 5 bilhões de libras (aproximadamente US$10 bilhões), e do Banco do Japão, com outros US$4,1 bilhões, totalizando US$14,1 bilhões.

Foi a primeira operação emergencial de empréstimo de curto prazo dos últimos seis meses do Banco da Inglaterra. Hoje, o banco deve oferecer mais cerca de US$20 bilhões, como anunciado semana passada em comunicado conjunto com o Fed e os bancos centrais Europeu, do Canadá e da Suíça. Ao todo, os quatro BCs se comprometeram a injetar mais de US$400 bilhões. O BC britânico planeja ainda uma injeção com volume ainda não definido para abril, também prevista no anúncio da semana passada.

"Essa medida está sendo tomada em reação às condições dos mercados de curto prazo observadas na manhã de hoje (ontem)", disse o Banco da Inglaterra em comunicado. Segundo a instituição, a procura foi bem maior que a oferta: 23,6 bilhões de libras ou cerca de US$46 bilhões. Desde dezembro de 2007, o banco baixou sua taxa de juros duas vezes, para 5,25%, para proteger o país da crise.

- Estamos claramente sentindo os fortes golpes desse processo - disse Richard McGuire, economista do Royal Bank of Canada em Londres.

É a oitava injeção de liquidez no Japão este ano

O Banco Central do Japão anunciou a oferta de US$4,1 bilhões ao mercado logo pela manhã de ontem. Segundo analistas, a ajuda já era esperada, uma vez que o BC japonês não participou do socorro conjunto anunciado semana passada. A instituição já ofereceu ajuda ao mercado oito vezes este ano.

Diante da oscilação dos mercados, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que apóia as medidas do Fed e tentou acalmar os americanos.

- Uma coisa é certa: estamos vivendo tempos desafiadores - disse após se reunir com sua equipe econômica. Bush insistiu, porém, que "os EUA estão no controle da situação", que os mercados de capital estão funcionando de maneira eficiente e que, a longo prazo, a "economia vai ficar bem".

(*) Com agências internacionais