Título: Lula: crítica ao PAC é cretinice
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 21/03/2008, O País, p. 3

Presidente reage à acusação de uso eleitoral de programa dizendo dar verba a adversários

Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Foz do Iguaçu que as acusações de que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão sendo utilizadas eleitoralmente são "uma cretinice que não tem lógica". Se as acusações fossem verdadeiras, afirmou Lula, ele não assinaria convênios previstos para os próximos dias com o governador tucano José Serra, de São Paulo, no valor de R$8 bilhões, ou de R$1,1 bilhão com o prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM).

- De vez em quando alguém fala assim para mim: "Mas o governo está utilizando o PAC eleitoralmente". Isso é de uma cretinice verbal que não tem lógica. Se fosse assim, por que haveria eu de fazer convênios com o governador de São Paulo? Por que haveria eu de fazer convênios com Rio Grande do Sul, com Paraíba, com Minas Gerais, que são três adversários? Por que haveria eu de fazer convênio de R$1,1 bilhão com a prefeitura de São Paulo, com a prefeitura do Rio de Janeiro, que são todas de meus adversários? - argumentou.

Lula disse que vai continuar com as viagens pelo país, lançando obras do PAC ao lado de prefeitos e governadores, independentemente do partido, embora reconheça que companheiros do PT fazem "biquinho".

- Daqui a 15 dias vou a outros estados, São Paulo, Rio Grande do Sul, porque a mim não importa de que partido é o prefeito, o governador. O que importa é que o estado tem necessidade, a cidade tem necessidade, temos o programa, dinheiro, financiamento, e vamos fazer a obra. Quando chego a uma cidade em que o prefeito não é do PT, obviamente pessoas do PT podem ficar de biquinho: "Por que o presidente vem aqui e sobe no palanque com outro candidato?". Não estou subindo com outro candidato. Estou subindo com a pessoa que administra a cidade, com quem representa institucionalmente o município.

No começo desta semana, em Mato Grosso do Sul, o presidente disse ter constatado uma falha na organização do PAC que pode provocar algum tipo de distorção.

- O governo do estado assinou contrato com a Funasa, de R$52 milhões. Como a Funasa é ligada ao Ministério da Saúde, não estava na relação das obras lá. Foi a descoberta que fiz. O que me chamou a atenção é que todas as obras do PAC têm de estar no mesmo software, todo mundo com a mesma informação, para não haver distorção.

"Não estou pensando nisso (na sucessão)"

Conversando com jornalistas depois da solenidade na Itaipu Binacional - onde participou da liberação do lago da hidrelétrica para a criação de peixes, assinou estudo para a implantação de um alcoolduto de Campo Grande (MS) para o Porto de Paranaguá (PR) e investimentos do PAC em conjuntos habitacionais na cidade -, Lula lembrou que o programa tem R$504 bilhões para investimentos, recursos de vários ministérios.

- As coisas acontecem muitas vezes na Caixa Econômica, em um ministério, muitas vezes em parceria com o estado ou prefeitura. Precisamos ter um único sistema de controle para que não tenha a Caixa uma informação, o BNDES outra, o ministério outra e a Casa Civil outra. Estamos detectando isso nas viagens, porque é muita obra. Temos de ter o sistema recebendo online todas as informações.

Antes de almoçar com o governador Roberto Requião (PMDB), vários políticos do Paraná e cinco ministros, entre eles a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, a quem já chamou de "mãe do PAC", Lula foi perguntado sobre o melhor nome para sua sucessão.

- Não estou pensando nisso. Somente a partir das eleições é que vou começar a pensar em construir dentro da base que hoje apóia o governo, sabe, a nossa candidatura.