Título: MEC: trabalho no interior quitará dívida com Fies
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Fonte: O Globo, 21/03/2008, O País, p. 9
Objetivo é incentivar a ida de médicos para regiões mais distantes; profissionais também vão receber salário
Para incentivar a ida de médicos para as regiões mais distantes do país, o Ministério da Educação pretende modificar o Fies, o programa de financiamento estudantil do governo federal. Alunos de medicina que tiverem aderido ao financiamento poderão quitar a dívida com o governo federal se, depois de formados, aceitarem trabalhar em cidades do interior. A medida faz parte de uma portaria do Ministério da Educação que deve ser divulgada no fim do mês. Segundo o secretário de Educação Superior do MEC, Ronaldo Mota, a dívida será abatida progressivamente, conforme o número de horas trabalhadas.
Para ter direito ao benefício, o médico terá de aceitar trabalhar na rede públicas de um dos 1,2 mil municípios brasileiros onde até hoje não há atendimento. O mesmo benefício será oferecido aos professores recém-formados que preencherem as 250 mil vagas hoje existentes no sistema público de ensino básico. O benefício será estendido a professores recém-formados em física, química, biologia e matemática que decidirem começar a vida fora da cidade grande.
O problema é antigo: o número de médicos na rede pública de saúde não é suficiente para atender a população que vive no interior do país. Em 1.200 municípios brasileiros mais afastados dos grandes centros não há sequer um profissional de saúde que resida próximo ao local de trabalho.
O governo garante que o futuro médico ou professor, além de quitar a dívida, vai receber o salário integral.
- Se tem talento e condições de ser aprovado num processo seletivo, há plena garantia de que o estudante terá todo o financiamento e que esse financiamento poderá ser totalmente ressarcido a partir de seu próprio trabalho - disse Ronaldo Mota.
Existem hoje no Brasil 15 mil bolsistas do Fies na área de medicina e 150 mil nas licenciaturas. A opção de pagar os estudos com trabalho só vai valer para os novos contratos do Fies. A adesão ao novo modelo de financiamento do Fies não será obrigatória, mas poderá reduzir a inadimplência média do programa, que hoje chega a 23% dos contratos.