Título: Candidatos do PT tensionam aliança
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 02/05/2009, Política, p. 6

Para Lula, petistas precisam colaborar com o PMDB, para mantê-lo na base de apoio a Dilma. Intenção de Lindberg de se candidatar no Rio complica aliança O presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu a cúpula do PT que a vitória da legenda nas eleições de 2010, isto é, a eleição da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a Presidência da República, depende da forma como os petistas tratarem os caciques do PMDB nos seus respectivos estados. A prioridade de Lula é a eleição de Dilma e de grandes bancadas na Câmara e no Senado, não é eleger governadores onde o PMDB tem bons candidatos. Acredita que o PT pode dobrar a bancada no Senado, hoje com 12 senadores.

Na quarta-feira passada, Lula ouviu um apelo dos presidentes da Câmara, Michel Temer (SP), e do Senado, José Sarney (AP), no sentido de trabalhar para reduzir os conflitos regionais dos peemedebistas com o PT, sob pena de ver o partido se afastar de Dilma. O recado foi dado em nome de outros caciques da legenda que estão enfrentando dificuldades com os petistas. Os casos mais notórios são os do Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados nos quais o choque entre as duas legendas pode sepultar as pretensões de fechar uma coligação nacional com PMDB em torno da candidatura de Dilma. Há problemas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Pará. São considerados casos perdidos São Paulo e Pernambuco, estados nos quais o PMDB é liderado pelos ex-governadores Orestes Quércia e Jarbas Vasconcelos, respectivamente.

O apoio do PMDB ao governo está consolidado, mas as tensões e atritos estremecem a aliança, como aconteceu durante esta semana, por causa das demissões na Infraero e da votação da MP de rolagem das dívidas dos municípios na Câmara. A doença de Dilma Rousseff fragilizou sua candidatura junto à maioria da bancada do PMDB na Câmara. Na verdade, muitos deputados mantêm relações pessoais com os governadores tucanos de São Paulo, José Serra, e Minas, Aécio Neves, que disputam a vaga de candidato a presidente do PSDB, e já tiveram atritos com Dilma por causa do seu estilo de gestão.

Rio e Minas Aliado de primeira hora de Lula, o governador Sérgio Cabral não se conforma com a movimentação do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, segundo município mais populoso do estado, para ser candidato a governador, com amplo apoio da base petista. Ex-presidente da UNE que liderou o movimento cara-pintada ¿Fora Collor¿, Farias é aliado do ex-prefeito carioca Cesar Maia (DEM), que pode vir a apoiá-lo, e percorre os demais municípios do estado para consolidar sua candidatura, apesar das pressões contrárias da cúpula do PT. Cabral reitera seu apoio a Dilma, mas reclama muito de Lindberg.

A situação em Minas é mais complicada. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, lidera as pesquisas para governador no estado, mas dificilmente o PT deixará de lançar a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que é amigo de Dilma Rousseff. Aliado de Aécio Neves, Pimentel tem maciço apoio dos diretórios municipais do PT. A cúpula do PMDB quer que ele desista da candidatura em favor de Costa, mas Pimentel pensa exatamente o contrário: quer que o ministro das Comunicações dispute uma cadeira no Senado.