Título: O descompasso
Autor:
Fonte: O Globo, 20/03/2008, Colunas, p. 2

Ao discutir as regras das medidas provisórias, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), quer uma coisa: acabar com o trancamento da pauta. O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), quer outra: um acordo de procedimento para votar as 16 MPs que estão na fila. Para a oposição, o central é que elas sejam analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça antes do plenário.

A tentativa

Deputados da base governista e da oposição, em jantar anteontem na casa do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), amarraram uma proposta para as MPs. A vigência seria de 150 dias: 60 para cada Casa. O restante seria para análise de modificações feitas pelo Senado. Se a Câmara não votasse em 60 dias, as MPs iriam direto para o Senado. Na volta, só poderiam ser ratificadas ou derrubadas. Não haveria mais trancamento de pauta mas, a partir do 10º dia, elas se tornariam o primeiro item a ser votado. Para inverter a ordem, seria necessário ter maioria simples. E antes do plenário, as MPs passariam pela CCJ.

TAPAS & BEIJOS. Depois de prestar depoimento na CPI do Cartão, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) deu um beijo na presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). Governo e oposição agem com cuidado na CPI, que tem abrangência para investigar tanto a administração petista quanto a tucana. Nenhum dos lados quer avançar muito, pois não sabe até onde vai a munição do outro.

A noiva

O apoio do PMDB está sendo disputado nas eleições para a capital paulista. O partido recebeu propostas de aliança do tucano Geraldo Alckmin, da petista Marta Suplicy e do bloco formado pelo PSB-PDT-PCdoB. Está conversando.

Teste de autoridade

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), desafiou o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), anteontem, ao cobrar em plenário que ele cumpra a promessa de campanha de instituir um rodízio nas relatorias das medidas provisórias. Garibaldi, que chegou a pedir "perdão" ao tucano durante a discussão, acabou se impondo no final. "Vou fazer se não for na base da ameaça, goste Vossa Excelência ou não."

Confea: nova sede sem licitação

A Procuradoria da República no Distrito Federal impetrou uma ação civil pública contra o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). Quer que a autarquia devolva aos cofres públicos o dinheiro gasto na construção de um novo edifício-sede sem licitação. Só com as fundações do prédio teria sido gasto R$1,8 milhão. O caso está na 5ª Vara Cível de Brasília. O projeto do edifício foi escolhido em um concurso, promovido em 1999, entre os associados.

O MINISTRO Miguel Jorge disse que a política industrial do governo sai na primeira semana de abril. "Não será no dia 1º porque nem a revolução comemorou no dia 1ºde abril, anteciparam para 31 de março. Primeiro de abril não é um dia bom."

O GOVERNO desistiu de vez da reforma da Previdência. Considera que a reforma tributária, onde está seu foco atualmente, dará as bases para mudanças na Previdência no próximo governo.

CANDIDATO de oposição, o deputado Chico Alencar (PSOL) cometeu a primeira gafe da campanha durante entrevista à CBN. Criticou a prefeitura pelo sucateamento do hospital do Caju, que é estadual.

Estamos todos atônitos" - Fernando Diniz, deputado federal (PMDB-MG), presidente do diretório estadual do partido, sobre a aliança entre PT e PSDB

O preço

O presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, aproveita o assédio para subir o preço. Não basta mais a vice, como em 2004, nas negociações fracassadas com Marta Suplicy. Quer espaço em secretarias e subprefeituras.