Título: Parceria em Belo Horizonte mira 2010
Autor: Vasconcelos , Adriana
Fonte: O Globo, 23/03/2008, O País, p. 10
Aécio pensa no Planalto e Pimentel, no governo
BELO HORIZONTE. Projetos políticos futuros sustentam a estratégica aliança entre PT e PSDB em Minas para a eleição do novo prefeito de Belo Horizonte. O governador tucano Aécio Neves e o prefeito da capital, o petista Fernando Pimentel, usam dois trunfos para bancar a parceria: a coligação teria o aval de 80% da população da cidade, segundo pesquisas de opinião divulgada por ambos, e o provável candidato da dupla, Márcio Lacerda, secretário de Desenvolvimento Econômico, é do PSB, partido que compõe tanto a base do governo Lula como a do governador, em Minas.
A aliança atende aos interesses tanto de Aécio quanto de Pimentel, rumo a 2010. O primeiro, pré-candidato à sucessão de Lula, prepara o caminho para uma futura distensão entre PSDB e PT, e amplia seu leque de opções.
Já Pimentel se livra do risco de uma candidatura do PT, sem garantia de vitória. Uma eventual derrota, após dois mandatos na prefeitura, mancharia sua administração de sucesso e comprometeria seu projeto de disputar o governo de Minas, em 2010. Daí a disposição de ambos em não desistir da aliança em torno do PSB, por mais resistência que setores do PT, e agora do PMDB, possam ter.
Tanto que um dia após o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), e o vice-presidente José Alencar (PRB) anunciarem a articulação de uma frente para se contrapor à aliança PT-PSDB, Aécio e Pimentel garantiram a presença de Ciro Gomes (PSB-CE) em Belo Horizonte para apoiar a candidatura de Lacerda. Esperam ainda que o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, interceda junto ao presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e até junto ao presidente Lula.
A expectativa é que o diretório nacional do PT, que se reúne segunda-feira, abra exceções à lógica de que a aliança preferencial é com aliados nacionais.
- Essa não é apenas uma aliança do prefeito com o governador, mas a aliança que a cidade quer. Além do mais, é uma aliança que estamos fazendo com o PSB, e o PT não vai poder dizer que tipo de apoio o candidato de um outro partido poderá receber - pondera Aécio. (A. V.)