Título: Comissão de Ética investigará venda de rádio de ministro a seu assessor
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 26/03/2008, O País, p. 13

Chefe de gabinete de Hélio Costa teria pago R$70 mil por emissora

BRASÍLIA. A Comissão de Ética Pública, vinculada à Presidência da República, decidiu ontem investigar a venda da rádio Sucesso FM pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, a seu chefe de gabinete, José Artur Filardi Leite. Na reunião do dia 28 de janeiro, a comissão pediu esclarecimentos ao ministro, mas as informações enviadas por Costa não foram convincentes. O padre José Ernanne Pinheiro, integrante da comissão, foi designado relator do processo.

O parecer pode ser analisado pela comissão no dia 28 de abril. Costa era sócio majoritário da Sucesso FM, de Barbacena (MG). Ao assumir o ministério, em 2005, a Comissão de Ética o orientou a tomar medidas para evitar conflitos de interesse entre o exercício do cargo e a propriedade da rádio. Em 2006, Costa disse ter vendido sua parte.

A transação foi revelada pelo jornal "Folha de S.Paulo", em 23 de janeiro deste ano. Segundo a reportagem, José Calixto, irmão do ministro, e José Rubens, chefe administrativo da rádio, também são sócios da emissora. A reportagem serviu de base para a Comissão de Ética Pública. O chefe de gabinete de Costa disse ter pago R$70 mil na transação. A rádio está registrada em nome da mulher do assessor de Costa, Patrícia Neves Moreira Leite. A emissora costuma veicular notícias favoráveis ao ministro.

O Ministério das Comunicações informou que Costa obteve a concessão da rádio antes de entrar para a política, quando exercia o jornalismo. Para ele, segundo a assessoria, a rádio não tem influência no seu desempenho político, pois o ministro, na última eleição, teve mais de quatro milhões de votos, e Barbacena, onde fica a emissora, tem cem mil habitantes. O ministro disse que vendeu sua parte dele na rádio para uma pessoa próxima, que se comprometeu a manter a emissora trabalhando pela cidade.

Após caso Lupi, Marcílio deixa Comissão de Ética

Após oito meses de disputa política com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira saiu não só da presidência da Comissão de Ética Pública. Ele deixou o colegiado no mês passado, para fazer tratamento de saúde, argumentando que até o fim do seu mandato, em maio, não poderia participar das reuniões. Com isso, a comissão tem apenas quatro dos sete membros.